Quanto custaram e como são os caças Gripen, cuja compra pelo Brasil está no alvo da Justiça dos EUA
Compra de 36 caças pelo governo brasileiro, que custou US$ 4,5 bilhões, está na mira do Departamento de Justiça americano; conheça as capacidades da aeronave
BRASÍLIA - Os caças suecos F-39 Gripen E/F, que foram comprados pelo Brasil em um contrato com a fabricante sueca de aeronaves Saab em 2014, custaram US$ 4,5 bilhões (R$ 26 bilhões em valores atuais) aos cofres públicos. A aeronave é considerada a mais moderna em operação na América Latina e cobre a distância entre as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro em 12 minutos.
O F-39 Gripen E/F consegue atingir uma velocidade máxima de 2.400 quilômetros por hora. Ou seja, quase o dobro da velocidade do som, que é de 1.234 quilômetros por hora em condições climáticas e de pressão naturais.
Debaixo das asas, o Gripen pode levar até 7,2 toneladas de armamentos. Uma dessas armas é o míssil Meteor, capaz de atingir alvos localizados em um raio de até 200 quilômetros. Outro é o Iris-T, utilizado para alvejar objetos em até 30 quilômetros.
Além da alta velocidade, o teto máximo do F-39 Gripen E/F é de 16.000 metros acima do nível do mar. Em comparação, o quadrimotor Airbus A380, reconhecido pela performance em voos comerciais de grandes distâncias, pode alcançar 15.700.
O contrato, firmado em 2014 entre a Saab e o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), concretizou a compra de 36 caças por US$ 4,5 bilhões. O preço unitário de cada aeronave foi de US$ 125 milhões (R$ 898 milhões).
A aquisição está na mira do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que intimou a Saab a prestar informações sobre a compra. No Brasil, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi denunciado pelo Ministério Público Federal em 2016, por suspeita de tráfico de influência na contratação. A ação penal contra o petista foi trancada pelo então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski em fevereiro de 2023. Lula sempre negou ter participado das negociações do contrato, que foi assinado quando ele não era mais presidente.
A autonomia da aeronave varia. Equipada com armamentos, ela pode alcançar até 1.100 quilômetros, o equivalente à distância entre Anápolis (GO), onde os caças estão estacionados no 1.º Grupo de Defesa Aérea (GDA) e Salvador, na Bahia. Com o caça vazio, a distância máxima é de 4 mil quilômetros, ou seja, de Anápolis até o Panamá, na América Central.
O Gripen tem a capacidade de detectar os alvos de superfície e terrestre ao mesmo tempo, usando todos os sensores disponíveis da aeronave. As informações desses sensores são apresentadas de forma clara em um display moderno, que é sensível ao toque e apresenta os principais dados de voo.
O radar do Gripen é do modelo AESA (varredura eletrônica ativa) e permite a detecção simultânea de alvos posicionados em ângulos elevados. Essa ação não pode ser realizada em equipamentos mecânicos. Um sistema de rastreamento passivo com infravermelho faz com que o objeto perseguido não saiba que está sendo acompanhado.
Outra função moderna do caça sueco é um sistema de criptografia que pode ser compartilhado entre os pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB). Desta forma, os militares podem compartilhar informações sobre os alvos de forma sigilosa.