Quem é Cristina Graeml, como ela chegou ao 2º turno e como será disputa com Pimentel em Curitiba
Candidata de partido nanico disparou na reta final da campanha, ultrapassando segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto faltando poucos dias para o pleito
As eleições municipais de Curitiba (PR) terão uma segunda etapa no dia 27 de outubro, com uma disputa pouco provável até poucas semanas atrás, segundo indicavam as principais pesquisas de intenção de voto. Dois candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - um via coligação, o outro extra-oficialmente via Instagram - dividirão o voto dos eleitores de direita na capital paranaense: o bem posicionado desde o início da campanha, atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), e a autointitulada candidata "direita raiz", apresentadora e comentarista política Cristina Graeml (PMB).
Formalmente apoiado pelo ex-presidente e em uma coligação com outros sete partidos além do seu - Novo, PL, MDB, Republicanos, Podemos, Avante e PRTB -, Pimentel teve no primeiro turno 313.347 votos, o equivalente a 33,51% dos votos válidos.
Com diferença de pouco mais de 21,8 mil votos, a estreante em eleições ultrapassou Luciano Ducci (PSB), que até então era o favorito a disputar a segunda etapa do pleito com Pimentel, alcançando 31,17% dos votos válidos - o total de 291.523 votos.
Jornalista de carreira, a curitibana de 54 anos saiu do jornal Gazeta do Povo em maio deste ano, onde atuava como apresentadora e comentarista política, para se dedicar à pré-campanha. O veículo conta com comentaristas como o deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), o ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo), além de Rodrigo Constantino e Alexandre Garcia.
Nanico, o Partido da Mulher Brasileira (PMB), sigla de Cristina, não conta com representantes no Congresso Nacional, o que contribuiu para sua campanha ser pouco expressiva, já que não teve tempo de TV e rádio para propaganda eleitoral obrigatória. Ela também não recebeu verbas do Fundo Eleitoral - apesar de a sigla ter direito a uma pequena parcela do valor, a candidata se diz contrária ao uso do dinheiro público. Em doações, recebeu pouco mais de R$ 393 mil até agora.
Há menos de um mês, na pesquisa Quaest divulgada em 17 de setembro, Pimentel tinha 36% das intenções de voto. Na sequência, Ducci, com 15%, e Ney Leprevost (União), com 12%, estavam empatados tecnicamente. A candidata bolsonarista aparecia com 5% das menções, atrás ainda de Roberto Requião (Mobiliza) com 8%. Na véspera do pleito, sábado, 5, a pesquisa do mesmo instituto apontava a candidata em segundo lugar, com 21%, atrás somente de Pimentel, que marcava 26%. Ducci tinha 18%.
Na reta final da campanha, Cristina Graeml recebeu apoios explícitos, como o do próprio Bolsonaro. Em um vídeo postado no perfil do Instagram da candidata, o ex-presidente disse ter "enorme consideração" e "torcer" pela eleição dela. A candidata também afirmou que Bolsonaro deu uma autorização para ela utilizar sua imagem em materiais de campanha.Cristina tem 645 mil seguidores na rede social, ante 69,7 mil do adversário político. No perfil dele, a imagem de Bolsonaro não esteve presente no primeiro turno. Já o atual prefeito da cidade, Rafael Greca (PSD), o governador do Estado, Ratinho Júnior (PSD), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que estreou como cabo eleitoral enquanto governador, reforçaram apoio e "torcida" pelo atual vice-prefeito.
Outro que apareceu recentemente nas redes de Cristina foi Pablo Marçal (PRTB), que perdeu as eleições em São Paulo. Em vídeo publicado nas redes sociais da comentarista política, na semana passada, o ex-coach afirmou que ela estava passando em Curitiba a mesma coisa que ele na capital paulista, e os dois trocam pedidos de voto aos eleitores.
O segundo turno de Curitiba será um retrato do que poderia ter acontecido em São Paulo, caso fosse Marçal no lugar de Guilherme Boulos (PSOL) a ter passado para a segunda etapa. De um lado, com um candidato que tem o apoio do PL, inclusive com a escolha do vice de chapa, Paulo Martins (PL), mas não o de Bolsonaro explicitamente. Do outro, uma adversária que carrega símbolos e bandeiras mais visíveis do "bolsonarismo raiz" - essa com ações mais claras do ex-presidente sobre a preferência dele.