Quem é quem no escândalo das joias envolvendo Bolsonaro e Michelle
Entenda qual era a função e o papel dos personagens que atuaram para que diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões chegassem ao ex-presidente antes de viagem aos EUA
ESPECIAL PARA O ESTADÃO - O governo Bolsonaro tentou entrar no Brasil com presentes milionários do governo da Arábia Saudita avaliados em R$ 16,5 milhões. As joias foram entregues ao ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque em outubro de 2021, após viagem ao Oriente Médio. Um dos pacotes estava com Marcos André Soeiro, então assessor do ministro. O caso foi revelado pelo Estadão.
A partir deste momento, diferentes figuras e autoridades do governo Bolsonaro realizaram tentativas para que a Receita Federal liberasse as joias antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Entenda como se deu a atuação de cada um no caso e como a mobilização foi feita para que Jair Bolsonaro tivesse acesso aos diamantes antes de embarcar para os Estados Unidos, onde está desde o fim do ano passado.
Marcos André Soeiro
Ex-assessor de Bento Albuquerque, é tenente da Marinha. As joias enviadas pelo governo da Arábia Saudita estavam com Soeiro no desembarque no aeroporto de Guarulhos, junto com a comitiva do ex-ministro.
Jairo Moreira da Silva
Primeiro-sargento da Marinha, era o servidor da Ajudância de Ordens do Presidente da República. A mando do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, foi enviado ao aeroporto de Guarulhos, por meio de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para retirar as joias retidas na Receita Federal no dia 29 de dezembro de 2022. Conforme revelou o Estadão, a viagem de Silva tinha como objetivo "atender a demandas do Senhor Presidente da República naquela cidade".
Tenente-coronel Mauro Cid
Braço direito e homem de confiança do ex-presidente Bolsonaro, era chefe da Ajudância de Ordens do Presidente da República. Mauro Cid enviou uma solicitação à FAB para que Jairo Moreira da Silva viajasse até Guarulhos para tentar retirar as joias do aeroporto. Além disso, ficou responsável por adiantar o cadastro das joias que ainda estavam retidas nos cofres da Receita, e teve apoio de Cleiton Henrique Holzschuk, segundo-tenente do Exército. Holzschuk enviou ofício do departamento para pedir a liberação das joias para o presidente Bolsonaro.
O então secretário telefonou para o enviado de Bolsonaro, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, e pediu para falar com o auditor da Receita Federal Marco Antônio Lopes Santanna. O auditor negou e disse que não poderia liberar as joias sem o pagamento do imposto ou a declaração dos itens como patrimônio da União.
Adolfo Sachsida
Novo ministro de Minas e Energia após saída de Bento Albuquerque do posto, em maio de 2022. O caso foi retomado em novembro de 2022, após derrota de Bolsonaro nas eleições daquele ano. O envio ao Palácio da Alvorada do segundo estojo de joias com relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gold, anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) já seria feito por determinação do novo ministro.