Raio-x e pinça: como funcionam robôs antibomba usados nas investigações do atentado de Brasília
Equipamentos anti-bombas usados pertencem à Polícia Federal e à Secretaria de Segurança do DF
BRASÍLIA - A armadilha deixada pelo extremista Francisco Wanderley Luiz em uma gaveta da casa onde se hospedava na Ceilândia, cidade do entorno de Brasília, foi apontada por um cão farejador da Polícia Militar do Distrito Federal. A partir da sinalização feita pelo Eros, os agentes recuaram e lançaram um robô antibombas para abrir o compartimento, que explodiu imediatamente.
Segundo a Polícia Federal, o objetivo do autor do atentado em Brasília, na quarta-feira, 13, era matar policiais que certamente seriam enviados para vasculhar o imóvel que ele usava há mais de três meses no Distrito Federal. O cubículo ficou destruído, mas a ação com o cão e com o robô poupou os policiais.
O maior deles é um robô com rodas multiuso operado por computador por um policial especializado. O equipamento da PMDF é construído com materiais especiais e com ligas metálicas que não ofereçam risco de transferir eletricidade no local de interesse. Ele pode carregar objetos e ter itens, como braço mecânico e uma pinça, acoplados à estrutura.
A pinça, inclusive, foi usada para remover itens explosivos que estavam no cinto usado pelo autor do ataque. Na casa da Ceilândia, foi utilizado um robô da Polícia Federal, menor, mas que funciona de forma semelhante, para abrir a gaveta onde foi deixada a armadilha.
As forças de segurança também empregaram um raio-x portátil. Um policial usando um Explosive Ordnance Disposal (EOD) - traje especial para neutralização de explosões - se dirigiu até o corpo de Francisco Wanderley Luiz e colocou componentes dos dois lados. A medida permitiu que os agentes conhecessem o tipo de explosivo e se havia peças que poderiam se fragmentar em caso de explosão.
"Antes de qualquer desativação e de tomarmos a decisão de como ela será feita, usamos o raio-x. É um equipamento portátil e que funciona de forma semelhante ao convencional. E aí fazemos a leitura desse raio-x como um médico lê um raio-x de um pulmão", contou o subcomandante do Batalhão de Operações Especiais da PMDF, major Renan Arakaki.
Os agentes usaram ainda um "canhão disruptor". Em síntese, trata-se de um dispositivo que lança um "tiro" de água com forte pressão e é capaz de inutilizar o artefato explosivo. O equipamento foi colocado ao lado do corpo e usado contra um dos objetos que estavam no cinto usado pelo homem que morreu. Ele gera uma explosão, mas pode preservar elementos que poderão vir a ser usados como provas pela perícia.
"A prioridade sempre é a segurança da cena, das pessoas, da população e do policial. Em segundo lugar, a preservação de provas materiais. Como a praça estava isolada, pudemos preservar elementos. O robô poderia levar o canhão disruptor até o local, mas optamos por colocar no chão para preservar o nosso equipamento", disse o major Arakaki.