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Política

Ramos afirma que militares 'entendem' aliança com Centrão

Ministro da Secretaria de Governo reagiu as críticas pelas escolhas políticas de Jair Bolsonaro

10 fev 2021 - 13h08
(atualizado às 13h24)
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Responsável pela articulação política que "entregou" o comando do Congresso a aliados do Planalto, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, reagiu na terça a críticas sobre a aliança do presidente Jair Bolsonaro com o Centrão. "Não me envergonho", disse ele ao Estadão, acrescentando que militares "entendem" a aproximação.

Ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, entrega caneta a Bolsonaro durante sua cerimônia de posse
Ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, entrega caneta a Bolsonaro durante sua cerimônia de posse
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil (04/07/2019) / Estadão Conteúdo

O protagonismo do ministro, general de Exército da reserva, o fortaleceu no comando da relação com os parlamentares, mas causou incômodo entre parte dos militares. Um general disse que ele deveria se envergonhar. "Não tenho vergonha nenhuma, não. Tomei uma atitude coerente. Meu desprendimento de ter aberto mão da minha carreira no Exército mostra que estou a serviço do País."

Ainda segundo Ramos, os generais da ativa compreendem a aliança com partidos do Centrão. Bolsonaro conseguiu, ao se unir ao bloco, blindar seu mandato de ameaças de impeachment e agora tenta destravar a pauta do Planalto. "Tenho contato com vários generais, amigos meus, não há isso, não. Eles entendem que é o momento político, que estou cumprindo uma missão. Não há (constrangimento), muito pelo contrário", afirmou.

Ramos comentou ainda a saída de generais descontentes com o Planalto, como Santos Cruz, demitido da Secretaria de Governo, e Rêgo Barros, ex-porta-voz da Presidência. "Não quero entrar no caminho de criticar A, B ou C. Agora, o general Rêgo Barros trabalhava comigo, estava dando tudo certo, sai e passa a criticar o governo. Santos Cruz trabalhava aqui, (sai) e passa a criticar o governo. Não tenho nada contra. Eles podem fazer isso", afirmou Ramos.

O titular da Secretaria de Governo ficou contrariado, especialmente, com declarações do general da reserva do Exército Francisco Mamede de Brito Filho, com quem já trabalhou. Brito afirmou que a quantidade de ministros militares incomoda não só quem está na reserva, mas também na ativa. "A imagem da instituição está arranhada. Ficam do lado de um governo que comete as barbaridades que estamos presenciando."

Brito também criticou a conduta de Ramos. "Não tem como dizer que ele está a serviço do País, ele serve ao governo. Se não se envergonha de ter feito isso, como não se envergonhou em outros eventos passíveis de constrangimento, eles vão continuar, têm suas motivações", declarou o general, em referência à atuação do ministro nas eleições no Congresso.

Como mostrou o Estadão, o gabinete de Ramos se transformou em "QG" das campanhas do deputado Arthur Lira (PP-AL) e do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) - no local, conforme parlamentares, eram acertados verbas e cargos. Cerca de R$ 3 bilhões em verba extra foram liberados em troca de apoio.

Para o general Brito, o "toma lá, dá cá" é uma "traição às promessas de campanha". "Mais uma (promessa) que vai para o ralo. Se estivesse no governo, ficaria muito constrangido." Ramos disse repudiar os comentários. "O que me incomodou foi um general que trabalhou comigo, sabe meus valores. Se ele acha que meu desempenho está tendo repercussão ruim no Exército, essas atitudes dele é que estão ficando ruins para ele. Ele não tem lastro moral nenhum. Se alguém tem que ter vergonha, é o general Brito pela maneira como saiu do Exército, ao não ser promovido a general de Divisão."

Brito considerou a declaração de Ramos um "ataque pessoal que não contribui para o debate". Ele afirmou que saiu da Chefia do Estado-Maior do Comando Militar do Nordeste seguindo protocolos militares.

'Preconceito'

Para o general de Exército Maynard de Santa Rosa, ex-secretário de Assuntos Estratégicos de Bolsonaro, não é "saudável" rotular um arranjo político como corrupto. Disse, porém, que existe "preconceito" com o Centrão entre militares. "Só vai ter problema se o Centrão confirmar o preconceito."

Durante a campanha de 2018, Bolsonaro era crítico do Centrão, a quem chamava de "velha política". Na época, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, ironizou: "Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão", substituindo a palavra "ladrão", da letra original. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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