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Política

Reitor cotado para o MEC já criticou Anitta: "Péssima influência"

Anderson Ribeiro Correia, do ITA, adota discurso conservador nas redes sociais

4 abr 2022 - 14h04
(atualizado às 14h40)
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Nome mais cotado nos bastidores para assumir o Ministério da Educação, o reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Ribeiro Correia, tem reforçado nas redes sociais o discurso conservador, caro ao governo, para chegar à Esplanada. Em recentes publicações, o engenheiro civil criticou a cantora Anitta por músicas que seriam "péssima influência para as crianças". 

Dez dias após Anitta chegar ao primeiro lugar mundial entre as músicas mais tocadas no Spotify com o hit 'Envolver', Correia disse não ter orgulho do recorde global quebrado por uma brasileira. "Uma letra completamente baseada em álcool, cigarro e pornografia; uma péssima influência para as crianças brasileiras. Popularidade sem qualidade só rebaixa a cultura Brasileira", publicou o reitor do ITA no Twitter sobre a cantora, que critica fortemente o governo e o presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.

Anderson Ribeiro Correia é reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
Anderson Ribeiro Correia é reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
Foto: DIVULGAÇÃO / Estadão

Antes disso, em 15 de março, Correia postou na mesma rede social um gráfico com as ações da Netflix "em queda livre". Naquele dia, o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou a retirada do filme 'Como se Tornar o Pior Aluno da Escola', inspirado em obra do humorista Danilo Gentili, das plataformas de streaming por suposta apologia à pedofilia. A pasta estabeleceu multa de R$ 15 mil por dia em caso de descumprimento. O filme contém trecho em que um personagem, interpretado pelo humorista Fábio Porchat, tenta convencer dois adolescentes a fazer sexo com ele.

As ações da Netflix negociadas na bolsa nova-iorquina Nasdaq, de fato, vinham em franca queda naquela semana, mas por um contexto mundial de relaxamento nas medidas de isolamento social, condição que deu impulso aos papéis da empresa no início da pandemia. O reitor do ITA, no entanto, não fez qualquer menção direta à censura imposta ao filme de Danilo Gentili.

Já em 11 de março, quando a Petrobras formalizou o reajuste dos combustíveis, Anderson Correia tentou minimizar o impacto para o consumidor. "Se vc está preocupado com o preço da gasolina, imagine as empresas aéreas. O Airbus A380 carrega 320.000 litros de combustível", publicou o engenheiro civil. O aumento dos combustíveis é visto como um fator prejudicial para a campanha à reeleição de Bolsonaro e foi anunciado à revelia do Palácio do Planalto.

O MEC está sem titular efetivo desde a queda de Milton Ribeiro, há uma semana. O pastor presbiteriano deixou o governo pressionado pela revelação do gabinete paralelo na pasta, feita pelo Estadão. Como mostrou a reportagem, dois pastores sem qualquer função pública intermediavam o repasse de verbas e controlavam a agenda do ministro, com direito a pedido de propina para liberar os recursos a municípios. A Polícia Federal investiga o caso. O ex-secretário-executivo da pasta Victor Godoy Veiga assumiu o ministério interinamente.

Anderson Correia é cotado para ser indicado à pasta em definitivo e articula a nomeação com parlamentares. Ex-presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), ele é visto por setores do Congresso como um nome ideal: enquanto reitor do ITA, uma das principais entidades de ensino superior do País, é técnico, mas também evangélico e bem relacionado com o Centrão.

Correia já era cotado para assumir o MEC antes mesmo de Milton Ribeiro, mas acabou preterido pelo pastor presbiteriano, que é amigo pessoal da primeira-dama Michelle Bolsonaro e do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Estadão
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