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Política

Relação externa agressiva, espetacularização de questões domésticas e protecionismo econômico: o que esperar do governo Trump 2

Gestão do republicano deve ser marcada por relação fria com Brasil e de rigidez em termos de atuação na defesa dos interesses americanos

20 jan 2025 - 04h59
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Donald Trump toma posse para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20.
Donald Trump toma posse para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20.
Foto: Reprodução/Getty Images

Relação externa agressiva, espetacularização de questões domésticas e condução econômica protecionista. O segundo mandato de Donald Trump, que toma posse como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20, deve ser marcado por esses três pilares, além da expectativa por manter uma relação fria com o Brasil, com maior rigidez em termos de atuação na defesa dos interesses norte-americanos, avaliam especialistas ouvidos pelo Terra.

O primeiro ato da gestão Trump 2 deve ocorrer logo após a cerimônia de posse, que começará ao meio-dia (horário de Washington D.C., 14h em Brasília) no Capitólio, sede do Poder Legislativo americano. Após o juramento, Trump fará seu discurso inaugural, que deve delinear sua visão para o futuro do país. Do ponto de vista político, econômico e internacional, espera-se mudanças significativas da gestão dos últimos quatros anos do democrata Joe Biden.

A previsão feita por especialistas em relações internacionais é que políticas mais agressivas poderão ser implementadas por Trump, gerando maior instabilidade e imprevisibilidade. “Do ponto de vista político, podemos esperar um governo com um grau maior de assertividade e, eventualmente, agressividade”, afirma Leonardo Paz, professor de relações internacionais do Ibmec-RJ.

Economicamente, espera-se uma tendência protecionista mais acentuada do que no primeiro mandato. “O presidente já manifestou intenção de implementar tarifas significativas sobre produtos importados. Promessas incluem tarifas de 10% a 20% sobre todos os produtos importados, 25% sobre o Canadá e o México, 60% sobre a China e até 100% sobre países do BRICS que tentem evitar o uso do dólar”, ressalta Leonardo Paz. 

O protecionismo acentuado também é destaque na análise de Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM, sobre o Trump à Casa Branca. “As expectativas são de que, do ponto de vista internacional, a gente vai ter mais turbulências em função das medidas que o Trump pode tomar em termos de protecionismo econômico. Espera-se uma política bastante agressiva em termos de atuação na defesa dos interesses americanos e de reconstrução das áreas de influência.”

Do ponto de vista doméstico, três elementos são importantes e devem demandar atenção, de acordo com Holzhacker: o quanto o Trump vai usar as instituições para perseguir ou para atingir pessoas que estiveram à frente de processos contra ele, o quanto as medidas de perdão para as pessoas que participaram do 6 de janeiro vão gerar de enfraquecimento do ponto de vista democrático, e como Trump vai lidar com as questões relacionadas às mudanças em todo o sistema político.

Outra questão doméstica envolve as deportações de imigrantes ilegais -- política defendida por Trump. Denilde Holzhacker prevê que elas vão ser 'espetacularizadas'. “Ele vai tornar as deportações como um grande espetáculo para demonstrar o que os Estados Unidos estão fazendo. Ele tem dito que todos aqueles que já tiveram algum tipo de condenação, que tiveram alguma questão na Justiça, vão ser os primeiros a serem deportados.”

Com cerca de 20 milhões de imigrantes no país, o presidente planeja deportar um número significativo deles nos primeiros anos de governo. Tanto as tarifas quanto as deportações são políticas que podem elevar a inflação americana, levando o país a aumentar as taxas de juros para controlá-la. Isso terá repercussões globais, já que os Estados Unidos são altamente integrados ao comércio internacional.

Relação Brasil e EUA

A relação entre os Estados Unidos e o Brasil sob o novo governo será desafiadora. Leonardo Paz lembra que o Brasil, atualmente, é governado por uma administração de centro-esquerda, o que não é bem-visto pelo presidente americano. Além disso, o Brasil tem laços econômicos significativos com a China e é um grande exportador de imigrantes para os EUA. 

“Diante desse cenário, é provável que a relação entre os dois países permaneça fria nos próximos dois anos. Não se espera uma grande interação em questões globais como mudança climática ou combate à fome. O foco do presidente pode estar mais voltado para outras questões regionais como Venezuela e Cuba, enquanto o Brasil pode acabar sendo negligenciado nesse processo”, argumenta Paz. 

Denilde Holzhacker acredita que Brasil e Estados Unidos terão um relacionamento mais no nível técnico do que político, em função das divergências e visões muito distintas de Trump e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No resto do mundo se imagina também que esse vai ser o tom da política do magnata norte-americano. Ou seja, uma política de defesa de interesses, sem se preocupar com as relações históricas de aliados.

“Para o Brasil, é ruim a saída e a diminuição do papel americano nas questões de mudanças climáticas em um ano em que o Brasil vai ter a COP 30 [Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025]. A participação americana seria importante para reforçar o avanço e uma situação de maior envolvimento dos países nessa agenda”, conclui a professora.

Fonte: Redação Terra
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