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Política

Relatório enviado por Bolsonaro ao TSE omite inserções do PL em rádio pernambucana

Houve ao menos 12 inserções de Bolsonaro a mais do que o documento relata

26 out 2022 - 18h13
(atualizado às 18h49)
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Relatório inclui as três inserções do PT entre as 20h e 21h, mas apenas uma das três propagandas do PL.
Relatório inclui as três inserções do PT entre as 20h e 21h, mas apenas uma das três propagandas do PL.
Foto: Aos Fatos

O relatório enviado pela campanha de Jair Bolsonaro (PL) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) omite inserções da campanha do presidente da República que foram veiculadas na rádio Bispa FM, de Pernambuco. Aos Fatos transcreveu 11 das 24 horas de programação a partir dos arquivos de áudio anexados pelos advogados do PL no processo e verificou que houve ao menos 12 inserções de Bolsonaro a mais do que o documento relata.

A análise, feita a partir de transcrição do Escriba, leva em consideração todo o conteúdo veiculado entre 5h e 10h e entre 18h e 23h do dia 11 de outubro.

A rádio veiculou 20 inserções do PT e 21 do PL nesses intervalos de tempo, de acordo com os áudios. No relatório da campanha, no entanto, constavam 20 propagandas do PT e apenas 9 do PL.

Entre as 20h e 21h, por exemplo, foram veiculadas inserções do PT e do PL juntas nos minutos 0, 6 e 50. O documento apresentado pela empresa Audiency Brasil Tecnologia, no entanto, contabilizou apenas as três propagandas do PT e uma do PL.

Omissão. Levantamento entregue ao TSE não contabilizou inserções do PL que foram veiculadas na rádio, de acordo com áudios também anexados pela campanha de Bolsonaro.

Erro de identificação. Além de omitir parte das propagandas do PL veiculadas, o documento ainda erra o nome da rádio: a rádio Bispa FM funciona na frequência 98,7 FM, enquanto a rádio do documento é a 97,1 FM. Segundo a emissora, o relatório traz uma informação mentirosa: "Nossa frequência é 98.7 FM e estamos em dias com o Tribunal [Superior] Eleitoral. Veiculamos todas as inserções que são enviadas para nós, e estamos fazendo nossa parte".

Linha do tempo. Na noite de segunda-feira, 24, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou sem apresentar provas que a campanha do presidente teve 154 mil inserções a menos em rádios do que seu concorrente no segundo turno.

Faria disse que já havia entrado com uma ação no TSE pedindo que fossem suspensas as inserções de rádio da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No mesmo dia, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou em despacho o prazo de 24 horas para que a campanha enviasse dados que sustentassem a suposta "fraude" alegada.

Na tarde de terça, 25, a campanha entregou um relatório que mostrava uma coleta de inserções em oito rádios de Pernambuco e da Bahia feita pela empresa Audiency Brasil Tecnologia. Os documentos, no entanto, mostravam uma diferença de apenas 730 inserções entre PT e PL.

O TSE se pronunciou sobre o assunto nesta quarta-feira (26) e explicou que a denúncia não comprova uma fraude eleitoral. A resolução do TSE nº 23.610/2019 determina que cabe aos candidatos o dever de fiscalizar as inserções e denunciá-las ao TSE em menos de 48 horas após a falha na veiculação para que sejam tomadas as devidas providências.

Outro lado. O Ministério das Comunicações, do qual Fábio Faria é ministro, respondeu ao Aos Fatos que não trata de questões relacionadas à eleição. O Planalto, o PL e a Audiency Brasil Tecnologia não responderam até a publicação da matéria. O Aos Fatos tentou contato por telefone e email.

Aos Fatos
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