Renan recebeu propina que furou teto de 3%, diz delator
O esquema envolvia o loteamento de diretorias da Petrobras pelo PT, PMDB e PP
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, afirmou em sua delação premiada que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recebeu propina em contratos da Diretoria de Abastecimento, segundo informações publicadas nesta quinta-feira pelo jornal O Estado de S.Paulo. De acordo com o delator, os pagamentos ao peemedebista furaram o teto de 3% estabelecido como limite dos repasses a políticos no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
O esquema envolvia o loteamento de diretorias da Petrobras pelo PT, PMDB e PP. Por meio delas, eram arrecadados entre 1% e 3% de propina em grandes contratos Segundo Costa, a propina excedeu os 3% para que “fosse incluído um valor para Renan”, publicou o jornal. O delator contou que o presidente do senado usava como “interlocutor” dos contratos o deputado federal Aníbal Ferreira Gomes (PMDB-CE), que prefeito de Aracaú (CE) no período de 1989 a 1993.
Paulo Roberto Costa ainda afirmou ao Ministério Público Federal que entre 2007 e 2008, o emissário procurou por ele e disse que Renan Calheiros “mandou pedir” que a Petrobras “passasse a contratar uma empresa, a Serveng-Civilsan”. Na época, Costa ocupava a Diretoria de Abastecimento da estatal. Aníbal teria dito que o atual presidente do senado queria que o grupo paulista pudesse participar das licitações da estatal.
A Serveng-Civilsan foi contratada para as obras da Refinaria Premium I, orçada em R$ 20 bilhões, em Bacabeira, a 60 quilômetros da capital São Luís. A unidade Foi projetada para operar como a maior refinaria da Petrobrás, mas está com as obras inacabadas - a Serveng-Civilsan integra o consórcio formado com a Galvão Engenharia e a Fidens – outras duas empresas alvos da Lava Jato.
Tanto o engenheiro Shinko Nakandakari como o doleiro Alberto Youssef afirmaram em suas delações que houve pagamento de propinas nas contratações dessa obra, no Maranhão. Em reuniões que teriam acontecido em São Paulo, ficou acertado, segundo o delator, o pagamento de comissão de 1% sobre o valor do contrato. Os repasses teriam sido iniciados seis meses depois do início da obra.