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Política

Reunião sobre atentado contra Moraes e Lula foi a 350m de onde ministro morava

Encontro ocorreu na casa do general Walter Braga Netto ex-ministro e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022

20 nov 2024 - 12h25
(atualizado às 12h53)
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Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abraça Alexandre de Moraes, presidente do TSE, durante cerimônia de diplomação
Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abraça Alexandre de Moraes, presidente do TSE, durante cerimônia de diplomação
Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

A reunião para tratar do atentado contra o então presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, foi a 350 metros de onde morava o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação é da coluna Malu Gaspar, do O Globo.

O plano, chamado de 'Punhal Verde e Amarelo', que era voltado ao homicídio das três autoridades, foi discutido no dia 12 de novembro de 2022 na residência do general Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro no pleito daquele ano.

Segundo a coluna, Braga Netto morava na 112 Sul, em Brasília, enquanto Moraes morava na quadra vizinha, na 312, no bloco K. O ministro já não mora mais no endereço.

No prédio do general, com apartamentos funcionais do Ministério da Defesa, também moravam o ex-ministro da pasta, Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos. 

PF aponta que plano para matar Lula, Alckmin e Moraes foi impresso no Palácio do Planalto:

Ali, os tenentes-coronéis Mauro Cid e Ferreira Lima se reuniram para debater o plano de ‘neutralizar' Lula, Alckmin e Moraes. Uma conversa interceptada pela Polícia Federal aponta que Cid marcou o encontro com o major Rafael Martins de Oliveira por meio de áudio em um aplicativo de mensagens. 

“Ou vai lá pro Alvorada, que eu tô lá, ou vai pra 112 Sul, a gente se encontra lá. O que for melhor para vocês aí”, diz. Martins de Oliveira decide que vão para a 112, e às 15h36, avisa que já estão no local marcado. 

Moraes teria se mudado do local mencionado pela investigação, mas fontes ligadas a ele teriam dito à coluna que a mudança não tem relação com o plano de atentado contra a sua vida, de Lula e Alckmin. Braga Netto também se mudou dali no ano passado, quando foi para o Rio de Janeiro. 

Em 15 de dezembro, um dos militares voltou ao local para uma espécie de campanha sobre a casa de Moraes, como suspeita a PF. Segundo a investigação, pelo menos seis pessoas participaram da operação executada naquele dia. Para dificultar o rastreamento das atividades ilícitas, os envolvidos utilizaram linhas telefônicas registradas em nome de terceiros e criaram um grupo usando codinomes no aplicativo Signal, chamado "copa 2022".

“As mensagens trocadas entre os integrantes do grupo ‘Copa 2022’ demonstram que os investigados estavam em campo, divididos em locais específicos para, possivelmente, executar ações com o objetivo de prender o ministro Alexandre de Moraes”, diz a PF.

Ainda naquele dia, o major Rafael Martins de Oliveira, também envolvido no caso, pede para que o contato ‘Gana’ – um dos codinomes utilizados pelos envolvidos no caso, com nomes de países que disputavam a Copa do Mundo – o adicionasse no grupo. Gana, que não teve a identidade revelada, havia ido para o final da Asa Sul, onde Moraes morava. 

As mensagens analisadas pela polícia mostram que os investigados estavam organizados em pontos específicos de Brasília para realizar ações coordenadas, no entanto, decidiram "abortar" a missão, conforme prints de conversas dos militares obtidos na investigação.

“Irmão, ainda não achei, cara. Mas tô...quase chegando no shopping aqui agora. No Pátio Brasil. Andei a Asa Sul inteira. Pô, se não tiver no shopping aí eu desisto, cara”, escreveu “Gana” a Rafael de Oliveira.

“O local inicial, onde a pessoa com o codinome ‘Gana’ estava para cumprir a ação planejada, reforça que os investigados estavam executando um plano para, possivelmente, prender o Ministro Alexandre de Moraes no dia 15 de dezembro de 2022”, afirma a PF no documento.

“As condutas vinculadas ao evento, antes e, principalmente, no dia da ação indicam que pessoa com alta capacidade técnica e conhecimento militar ‘saíram à campo’ para executar um plano totalmente antidemocrático de prisão, ou, quiçá, execução do ministro Alexandre de Moraes”, reforça o relatório. 

Na mesma data em que aconteceu a tentativa de execução do plano, o plenário do TSE impôs uma multa de R$ 22,9 milhões ao PL, partido de Bolsonaro, por questionar o resultado das eleições sem prova. 

Quem são os presos

A Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira, 19, prendeu o general de brigada da reserva Mario Fernandes, e três militares com formação em Forças Especiais (FE), os chamados "kids pretos": o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira.

Na foto: Hélio Ferreira Lima, Mário Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo
Na foto: Hélio Ferreira Lima, Mário Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo
Foto: Reprodução/Polícia Federal

Entre eles, Mario Fernandes é um dos nomes mais conhecidos. Ele ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Jair Bolsonaro e também foi assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), sendo afastado dessa função por ordem do STF.

O quinto preso foi o policial federal Wladimir Matos Soares. Segundo as investigações da PF, ele passava informações sobre o cotidiano de Lula para pessoas próximas e para Bolsonaro. Como agente da PF em Brasília, Wladirmir tinha acesso fácil a Lula e Alckmin, incluindo detalhes sobre o esquema de segurança que garante a integridade física das autoridades.

General afirma que Bolsonaro autorizou golpe de Estado, aponta PF:
Fonte: Redação Terra
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