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Política

Vereadores de Curitiba aprovam ajuste fiscal sob protestos

Transferência da sessão ocorreu a pedido da Secretaria de Segurança; clima do lado de fora é de tensão

26 jun 2017 - 13h15
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Confusão durante protesto de servidores municipais contra a votação dos quatro projetos de lei do pacote de ajuste fiscal da Prefeitura de Curitiba, chamado de pacotaço, realizada na Ópera de Arame em Curitiba (PR), nesta segunda-feira (26).
Confusão durante protesto de servidores municipais contra a votação dos quatro projetos de lei do pacote de ajuste fiscal da Prefeitura de Curitiba, chamado de pacotaço, realizada na Ópera de Arame em Curitiba (PR), nesta segunda-feira (26).
Foto: Rodrigo Félix Leal/Futura Press

"Protegidos" por forte aparato policial e alheios às manifestações que ocorriam do lado de fora, os vereadores de Curitiba aprovaram nesta segunda-feira (26), em sessão na Ópera de Arame, os quatro projetos de lei do "pacotaço fiscal" do prefeito Rafael Greca (PMN). No primeiro deles, que muda o regime de previdência dos servidores municipais, foram 25 votos favoráveis, nove contrários e uma abstenção. Professora Josete (PT) e Goura (PDT) se retiraram para não participar do que chamaram de "espetáculo de cartas marcadas". A segunda e derradeira votação está prevista para ocorrer amanhã.

A plenária começou às 9h15, no teatro, que fica localizado no bairro São Lourenço, a sete quilômetros da Câmara Municipal (CMC). Por volta de 12h50, os vereadores ainda apreciavam as emendas. O lugar amanheceu cercado por policiais militares, que só permitiam a entrada de pessoas autorizadas. A transferência foi definida na sexta-feira (23) passada, em reunião extraordinária, convocada com duas horas de antecedência. O presidente da Casa, Serginho do Posto (PSDB), disse atender a uma solicitação do secretário de segurança pública do Paraná, Wagner Mesquita. A ideia era evitar "confrontos" como o verificado na última semana, quando quatro trabalhadores ficaram feridos. 

Os vereadores se reuniram no palco, enquanto assessores e jornalistas se concentravam em "camarotes" no piso superior. Impedidos de participar, funcionários públicos protestaram em frente à Pedreira Paulo Leminski, que fica ao lado, com faixas, apitos e megafones. A Polícia Militar (PM) não informou o efetivo, mas parlamentares estimaram em mais de três mil. Um helicóptero da PM sobrevoava o local. Em determinado momento, foi possível observar bombas de efeito moral sendo atiradas. Agentes também usaram spray de pimenta e cassetetes.

Vereadores se reuniram na Ópera de Arame para realizar a votação
Vereadores se reuniram na Ópera de Arame para realizar a votação
Foto: Mariana Franco

Feridos e detidos

Conforme a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp), seis pessoas ficaram feridas, sendo um manifestante, que teve ferimento na perna, e cinco policiais, com pedradas. Um deles foi encaminhado ao Hospital Evangélico. Sindicalistas e servidores, contudo, reclamam da repressão e dizem que o número de manifestantes feridos deve ser maior. A Sesp também informou que deteve três pessoas: por carregar spray de pimenta, por portar cocaína e por desrespeitar a área disponível para a imprensa e assessores. Segundo a pasta, esse último ainda desacatou os policiais e usou de força.

Apesar do clima tenso, a maioria dos assentos da Ópera seguiu desocupada. Apenas um pequeno grupo conseguiu liberação para assistir à sessão. Além da reforma na previdência, que inclui aumento da contribuição pelos servidores, o "pacotaço" aprovado em primeiro turno abrange: a suspensão da data-base e dos planos de carreira; o leilão de dívidas da prefeitura e a criação de uma lei de responsabilidade fiscal do município. As medidas tramitam em regime de urgência e, por essa razão, trancam a pauta. O Executivo alega que o ajuste é necessário para colocar as finanças da administração em dia.

"A transferência da sessão da Casa do Povo para um centro cultural onde acontece arte é o absurdo do absurdo. Esse contingente policial todo deveria estar nos bairros, combatendo a criminalidade", opinou o vereador Mestre Pop (PSC). "Dizem que é para garantir a segurança do servidor. Não é. É para garantir a segurança só dos vereadores. A segurança que os servidores querem é a permanência dos seus direitos, conquistados com muita luta", completou. 

"Ninguém queria estar vivendo esse momento. Mas estamos tomando um remédio amargo que lá na frente vai beneficiar a todos, inclusive os servidores", argumentou Pier Petruzziello (PTB), líder do prefeito. "Não podemos pensar num grupo pequeno. Temos que pensar na cidade toda. Tanto o servidor é fundamental para a cidade como o gerador de renda da empresa que está fechando também é (...) O efetivo assusta, mas todos vão sair vivos e sem machucados", acrescentou.

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Fonte: Especial para Terra
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