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Política

Revista divulga áudios de Marcos do Val após senador mudar versão; ouça

Depois de entrevista, parlamentar negou que Bolsonaro fez pedido para gravar ministro do STF

3 fev 2023 - 10h06
(atualizado às 15h51)
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Senador Marcos do Val concede entrevista coletiva em Brasília
Senador Marcos do Val concede entrevista coletiva em Brasília
Foto: Ton Molina

A revista Veja divulgou os áudios da entrevista com Marcos do Val (Podemos-ES) após o senador mudar a versão a respeito de uma suposta tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira.

Segundo a publicação, Do Val concedeu duas entrevistas e disse que ouviu da boca de Bolsonaro detalhes do plano golpista, incluindo menção ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) na operação.

Confira a transcrição dos áudios:

Veja: De que forma o Bolsonaro falava?

Marcos do Val: Naturalmente. Igual estava falando comigo. Naturalmente. Ele não entende… Ele é sem noção das consequências.

Veja: Ele chegou a usar para o senhor, falar para o senhor gravar?

Marcos do Val: Disse, sim. Que o GSI ia me dar o equipamento para poder montar para gravar. Aí eu falei assim, quando eu falei que ‘mas não vai ser aceito’. ‘Não, o GSI já tá avisado’. Quer dizer, já tinha validado a fala comigo. ‘Eles vão te equipar, botar o equipamento de escuta, de gravação e a sua missão é marcar com o Alexandre e conduzir o assunto até a hora que ele falar que ele, que ele avançou, extrapolou a Constituição, alguma coisa nesse sentido.’ Aí ele falou ‘ó, eu derrubo, eu anulo a eleição, o Lula não toma posse, eu continuo na Presidência e prendo o Alexandre de Moraes por conta da fala dele, que ele teria’.

Entenda

Depois de receber ligações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Marcos Do Val mudou sua versão sobre a denúncia de que fora montada uma operação para barrar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a mando do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ao falar em seu gabinete, Do Val agora diz que o plano, na verdade, foi do ex-deputado Daniel Silveira, que foi preso nesta quinta-feira, 2, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) por violação de decisão judicial.

O senador, que anunciara em rede social na madrugada que iria renunciar ao mandato, também mudou de ideia. Segundo ele, Eduardo, Flávio Bolsonaro e outros políticos com quem conversou o convenceram a não abandonar a cadeira de senador.

Ele nega que os filhos do ex-presidente tenham pressionado para que mudasse a história narrada em transmissão ao vivo e em entrevistas à imprensa.

Na versão original, detalhada pela revista Veja, Bolsonaro teria recebido Do Val numa reunião no Palácio da Alvorada e sugerido que o parlamentar gravasse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

Segundo essa versão, Bolsonaro chamou Do Val à residência presidencial para dar a ele essa missão. A ideia seria obter uma declaração comprometedora que pudesse resultar na desmoralização de Moraes e até mesmo em sua prisão, o que impediria a diplomação de Lula.

Na nova versão apresentada por Do Val, a ideia não partiu de Bolsonaro, mas de Daniel Silveira. "O que ficou claro para mim foi o Daniel achando uma forma de não ser preso de novo, porque toda hora ele descumpria as ordens do ministro (Moraes). Ficou muito claro que ele estava num movimento de manipular e ter o presidente (Bolsonaro) comprando a ideia dele", afirmou Do Val em entrevista coletiva em seu gabinete no Senado.

Segundo o senador, o plano foi apresentado na frente do ex-presidente em reunião no Alvorada. A nova declaração coincide com as falas feitas hoje no Senado por Flávio Bolsonaro, que disse não ter visto crime algum no caso e que tudo não passou de ideia de Daniel Silveira.

"O presidente (Bolsonaro) estava numa posição semelhante à minha, ouvindo uma ideia esdrúxula do Daniel", disse Do Val. "Quando a imprensa diz que ele me coagiu, isso não confere", prosseguiu o senador desmentindo as falas feitas em live durante a madruga, quando afirmou que Bolsonaro o "coagiu para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele".

Ao tentar desvincular Bolsonaro das acusações, o senador acabou admitindo a participação do ex-presidente ao dizer que ele deu tempo para que pensasse na tentativa de golpe.

Pela tarde, em entrevista à GloboNews, Do Val afirmou que ao fim da conversa no Alvorada, ele disse aos presentes que precisava pensar sobre a participação, e o então presidente teria respondido: "Então a gente espera".

Apesar das mudanças na história e das inconsistência no discurso, Do Val repetiu que um aparato de inteligência, com uso de escutas e veículo oficial de captação do áudio, já estariam prontos para auxiliá-lo na missão de incriminar Moraes. O senador não explicou quem patrocinaria a empreitada, mas sugeriu que poderia ter o envolvimento de órgãos especializados na área, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que iriam acompanhar toda a operação golpista do lado de fora do STF.

Do Val ainda negou a presença de outras pessoas na reunião, como consta na reportagem publicada pela revista Veja. Ele negou o envolvimento de militares no plano, sobretudo o de generais que atuaram no governo, como os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos. "A reunião foi apenas eu, Silveira e Bolsonaro", enfatizou. ( *Com informações do Estadão Conteúdo)

Fonte: Redação Terra
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