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Política

RJ: diplomação tem ‘beija mão’ a Cabral, protestos e claque

15 dez 2014 - 21h52
(atualizado às 21h53)
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<p>&quot;A&nbsp;viol&ecirc;ncia contra a mulher n&atilde;o pode ter voz no Parlamento&quot;, diz cartaz de&nbsp;protesto contra Bolsonaro</p>
"A violência contra a mulher não pode ter voz no Parlamento", diz cartaz de protesto contra Bolsonaro
Foto: Juliana Prado / Especial para Terra

A cerimônia de diplomação dos 177 eleitos em 2014 para o próximo mandato pelo Rio de Janeiro, na tarde desta segunda-feira, teve um elemento surpresa. O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), recluso há meses e longe de qualquer holofote desde que virou alvo de duros protestos nas ruas, em 2013, reapareceu para acompanhar o evento, no Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa. Um verdadeiro "beija mão" ao ex-governador pôde ser registrado durante cerca de uma hora.

Foram incontáveis os deputados federais e estaduais, de situação e oposição, que receberam seu diploma e foram até o local onde o peemedebista estava sentado para cumprimentá-lo. O próprio governador eleito, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afilhado político de Cabral, não foi tão prestigiado quanto o padrinho, avalista de sua candidatura ao Palácio Guanabara. Mesmo com o assédio, o ex-governador escapou do evento antes do final, acompanhado da esposa Adriana Ancelmo. Não sem antes demonstrar estar muito à vontade, disparando beijinhos em direção a Pezão e a esposa, Maria Lúcia.

O evento ainda contou com outro fato inusitado. Os deputados estaduais e federais eleitos pelo Psol fluminense foram para a Assembleia munidos de cartazes com as inscrições: “a violência contra a mulher não pode ter voz no Parlamento”. Os papeis foram erguidos para a plateia que lotava a Casa no momento em que o deputado federal do PP Jair Bolsonaro recebeu seu diploma de eleito. O protesto foi em alusão a sua declaração, repetindo o que falou em 2003, dirigida à deputada Maria do Rosário, do PT, de que não a estupraria porque ela não merecia.

<p>O ex-governador Sérgio Cabral escapou do evento antes do final, acompanhado da esposa Adriana Ancelmo</p>
O ex-governador Sérgio Cabral escapou do evento antes do final, acompanhado da esposa Adriana Ancelmo
Foto: Juliana Prado / Especial para Terra

“O parlamento não pode ser o espaço da produção do ódio. A democracia tem que ser fortalecida no exercício do parlamentar. Por isso é importante a diferença, termos deputados mais à esquerda, mais à direita, mas o parlamento não pode representar aquilo que ameaça a democracia”, declarou o deputado estadual reeleito Marcel Freixo, o mais votado do Rio na disputa de 2014. “O discurso de ódio, que leva ao crime, reproduz e alimenta a violência, é inaceitável”, completou.

A família Bolsonaro, aliás, protagonizou outro momento da cerimônia. O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP), filho do polêmico parlamentar, foi aplaudido com intensidade ao ser chamado a receber seu certificado e teve direito até a claque.  

Nada de chapéu

Conhecido pelo jeito sisudo e intempestivo, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio, Bernardo Garcez, que conduziu parte da cerimônia, não fugiu à regra mais uma vez. Com aparente mau humor, disse que quem não estivesse no local não receberia o diploma, afinal, “já são 14h”, horário marcado para o evento começar. Ele ainda arrancou risos da plateia ao ordenar que um dos deputados presentes tirasse o chapéu, em respeito ao evento. O desembargador lembrou do simbolismo do prédio, que sediou a votação da Constituinte de 1946, da qual o seu avô materno foi membro pela UDN.

E não parou por aí. Garcez disparou: “é difícil fazer discurso numa Casa em que estão os especialistas em discurso. Mas, mais difícil ainda é discursar sem ter nada a dizer”. Disse que o povo espera dos eleitos que cumpram seus deveres e que façam leis “aplicáveis” e não rígidas demais, que “depois acabam sendo amaciadas”. Ele citou a “Lei do Desarmamento”, afirmando que em algumas localidades do Brasil o Exército é usado como uma espécie de “capitão do mato” para combater os altos índices de criminalidade. 

Fonte: Especial para Terra
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