RJ: em clima de campanha, Pezão inaugura trem e diz ter 'casco grosso'
Vice-governador do Rio inaugurou nova composição da Supervia já ocupando o espaço de Sérgio Cabral, que deve deixar o cargo ao final de março
Luiz Fernando Pezão é o atual vice-governador do Rio de Janeiro, mas, definitivamente, já ocupa o espaço de Sérgio Cabral (PMDB), pelo menos no caráter político. Na tarde desta sexta-feira, Pezão inaugurou um novo trem da Supervia, fabricado no Brasil, na Central do Brasil. O evento beirou o clima de campanha - às vésperas de ele assumir, de fato, o Palácio Guanabara, já que Cabral deve deixar o poder no dia 31 de março.
“Eu participei de todos os eventos. Da chegada dos trens da China, eu sempre estive ao lado do governador Sérgio Cabral. Nós nos dividimos sempre, como foi ao longe desses sete anos. Ou juntos, ou cada um para um lado”, tentou despistar o candidato do PMDB para as próximas eleições a governador, em outubro.
Sorridente, e uma hora atrasado, a exemplo, ironicamente, do próprio Cabral, notório por se atrasar em eventos oficiais, ele foi para a cabine da nova composição, passeou pelos vagões e até brincou com uma criança sentada numa das cadeiras para enfatizar o ar condicionado em grau máximo: “as crianças vão passar mal de tanto frio”.
Anunciado pelo presidente da Supervia, Carlos José Cunha, como o “futuro governador do Rio de Janeiro”, Pezão, no entanto, mostrou-se tranquilo acerca do processo eleitoral que se aproxima, e sobre o fato de estar atrás nas pesquisas de opinião até aqui divulgadas. “Estou com o casco grosso para enfrentar eleição, eu nunca me afobei. Tem hora que você está lá embaixo mesmo, eu não tenho essa aflição”, disse, citando o prefeito peemedebista Eduardo Paes, que em 2008 iniciou a campanha bem atrás antes de se consolidar e vencer o pleito.
Segundo o último levantamento feito pelo Datafolha divulgado em dezembro, o deputado federal Anthony Garotinho (PR) lidera as intenções de voto com 21%, à frente do senador Lindbergh Farias (PT) e do ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRTB), ambos com 15%. O ex-prefeito do Rio César Maia (DEM) ocupa a quarta posição com 11%, e Pezão surge apenas como quinto colocado, com 5%.
“A eleição agora só interessa a quem está fora do poder. Vai ser algo para depois da Copa do Mundo, com o Brasil hexacampeão. Depois que a gente vai começar a discutir eleição”, reforçou o vice-governador, que ainda comentou a notícia que surgiu esta semana de que o PT, muito embora sem confirmar, poderia convidar o governador Sérgio Cabral a integrar sua chapa como senador, com Marcelo Crivella como vice, deixando Lindbergh mais forte e sem tanta concorrência.
“Eu acho natural. Nós estamos a dez meses das eleições. Está na época dos partidos, cada um deles, ocuparem seus espaços e fazerem suas bancadas federais. Cada partido quer ocupar um espaço maior. O PT está reivindicando o seu espaço. Agora, com o PMDB, nós temos um espaço considerável na política. Foram sete anos de muitas conquistas”, destacou, deixando claro, por sua vez que fará, sim, campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff. “Claro, ela é minha amiga.”
Pezão disse ainda que vem se preparando a cada dia para reverter não só o quadro desfavorável das pesquisas, mas também para se especializar em temas que ele não está tão habituado a acompanhar, uma vez que sempre foi peça-chave no setor de infraestrutura do governo. “O segredo é você se assessorar bem e ter bons técnico ao seu lado”, explicou, citando o tema da saúde “como algo que me angustia muito”.