RJ: em Roma, Pezão crê em milagre para ter Lindbergh fora da disputa
Parecia combinado, mas não foi. No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff estava em Roma ao lado do vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, para o consistório em que o papa Francisco fez dom Orani Tempesta o novo cardeal arcebispo do Rio, o PT lançava a candidatura do senador Lindberg Farias ao governo do Estado.
Dilma e Pezão ficaram lado a lado na Basílica de São Pedro e mais tarde na recepção oferecida pelo embaixador brasileiro no Vaticano ao cardeal. Na saída, Luiz Fernando Pezão, que assume o governo carioca em abril, falou com exclusividade ao Terra. Ele reza forte para ser único candidato no Rio de Janeiro a ter apoio de Dilma nas eleições de outubro. E acredita em um milagre.
Terra - É sintomático o senhor encontrar a presidente Dilma em Roma no mesmo dia que o PT do Rio lança a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Estado?
Luiz Fernando Pezão - Coincidiram as datas. O PT do Rio tem todo o direito de lançar candidato, de querer ser um partido forte no Estado. É o partido do presidente Lula, da presidenta Dilma, e até junho tem muita conversa. Acho que as bençãos do Papa e do nosso cardeal vão nos ajudar a chegar a um bom termo no Rio.
Terra - É difícil quebrar a confiança que a presidente Dilma deposita no senhor? Ela o chama de "Pai do Pac no Rio"
Pezão - Isso aí não vai perder nunca. Nossa amizade está acima das questões partidárias. A Dilma é uma grande amiga, amiga do Rio de Janeiro, e nós temos ainda muitas parcerias nos dez meses que faltam para o nosso governo.
Terra - O coração bate mais forte já que se aproxima o mês de abril, quando o senhor assume o governo do Estado?
Pezão - É um grande desafio substituir o governador Sérgio Cabral, porque o Rio passa por momentos especiais e tenho certeza que vou me esforçar para dar continuidade ao governo que fizemos. Mas estou no governo há sete anos e dois meses e já sei como funcionam as coisas.
Terra - É um desafio maior assumir em abril e conciliar continuidade do governo com campanha à reeleição?
Pezão - Vai ser muito difícil. Mas já venci uma reeleição como prefeito e temos que trabalhar para conciliar tudo. Já fiz e já vi isso acontecer. Na segunda eleição nossa para o governo do Estado, eu que fiz a campanha quase toda, porque o Sérgio estava operado, mas dá para tocar bem.
Terra - O senhor entra no governo e mantém o secretariado?
Pezão - Muita gente ainda vai sair para se candidatar, então é preciso ver o que vai acontecer antes de tomar decisões. Tem que cerca de dez parlamentares que são candidatos, vão sair e nós vamos substituir.
Terra - O senhor veio a Roma prestigiar o novo cardeal arcebispo. Gostou da cerimônia?
Pezão - Dom Oraní é um homem muito especial, que chegou no Rio há cinco anos e mudou as coisas da diocese do Rio. E tem sido um cobrador nosso muito forte, mas com muito amor e com muito carinho. Dom Oraní já um carioca.
Terra - Ele cobra vocês de que forma?
Pezão - Ele manda email. Eu só falei com ele que espero que os e-mails do cardeal não sejam mais duros que os do arcebispo. Ele sempre manda email cobrando as coisas que precisam ser feitas. Quando eu passo por um lugar onde as pessoas precisam da ação do governo, dom Orani passou antes.