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Política

Roberto Godoy tratou sobre tensão em Essequibo e submarino nuclear em último comentário na Eldorado

Maior repórter de segurança, armas e guerras do País, ele fez a análise nesta quinta-feira, 28, para o quadro Estado de Alerta; Godoy morreu nesta sexta-feira, 29

29 mar 2024 - 19h43
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BRASÍLIA - O jornalista Roberto Godoy, considerado o maior repórter de segurança, armas e guerras do País, morto nesta sexta-feira, 29, tratou sobre o aumento da tensão na região do Essequibo, sob disputa de Venezuela e Guiana, e sobre a parceria entre Brasil e França para a construção de um submarino nuclear em seu último comentário na Rádio Eldorado.

A análise foi feita nesta quinta-feira, 28, para o quadro Estado de Alerta. De personalidade sensível, Godoy também mencionou o sucesso de estabelecimentos alimentícios brasileiros no Haiti.

Roberto Godoy, jornalista do 'Estadão'
Roberto Godoy, jornalista do 'Estadão'
Foto: Paulo Pinto/Estadão / Estadão

Godoy disse que a inteligência militar brasileira teme que os venezuelanos criem um conflito "fajuto" contra as fracas tropas da Guiana para "desviar a atenção" enquanto o ditador Nicolás Maduro vive uma grande crise interna perto das eleições.

"A inteligência militar brasileira, principalmente ali o Comando da Amazônia, tem informações e teme que a Venezuela gere um fato fake, uma crise fictícia ao longo do rio Essequibo", afirmou. "O temor é que eles criem uma situação fajuta em que o incidente de fronteira em que o grupo militar venezuelano faz um ataque para justificar um contra-ataque sob a paupérrima, sem recursos militares, sem praticamente nada, Guiana, que é onde está o território disputado."

Prosseguiu Godoy mencionando o risco de o potencial conflito estourar e a discrepância entre os exércitos da Venezuela e da Guiana: "Por que Maduro está fazendo isso? Porque ele está vivendo uma crise interna muito braba num momento das eleições. Com isso, ele desviaria atenção dessa crise para uma eventual agressão externa. Mas, veja, é uma agressão externa de um país que mal consegue se manter em pé, que não tem Forças Armadas, maior parte das forças, seus poucos soldados, tem funções policiais e nem isso consegue fazer muito bem."

O jornalista também mencionou o submarino Tonelero, criado em parceria entre Brasil e França e lançado na quarta-feira, 27. O programa entre os dois países prevê a construção de um submarino nuclear até 2033. Godoy observou, porém, que não haverá transferência de tecnologia pela França na parte de propulsão da embarcação. "O Brasil vai ter que continuar nadando sozinho nessa praia", disse.

Roberto Godoy afirmou ainda que o Brasil investe recursos para dominar a tecnologia do uso de energia nuclear para submarinos e que se submete à fiscalização de todas as agências nucleares, mas isso não foi suficiente para a transferência do conhecimento francês ao País.

"A França mantém acordo muito severos com países produtores de submarinos nucleares ou outros equipamentos para não transferir a tecnologia para terceiros, evitar a proliferação desse conhecimento. Tentaram, não deu certo", afirmou.

Ouça a participação de Roberto Godoy na Rádio Eldorado:

Considerado o maior jornalista especializado em segurança, armas e guerras do Brasil, Roberto Godoy foi um dos mais premiados da sua geração. Era visto pelas gerações mais novas de jornalistas do Estadão, os "focas", como uma pessoa atenciosa e acolhedora, o que o tornava um dos favoritos dos novatos.

Em sua última aparição na Rádio Eldorado, Godoy não deixou de mostrar seu olhar sensível para os acontecimentos no mundo. Ele mencionou a existência de pequenos empresários brasileiros que foram fazer negócios no Haiti, país da América Latina em que o Brasil chefiou missão da Organização das Nações Unidas (ONU), e tornaram o Angu do Gomes, negócio clássico do Rio, famoso no mundo.

"É um angu muito temperado, feito com carne moída, que é devorado na hora do almoço, porque é muito barato e é vendido em carrinhos", recordou, citando que o estabelecimento chegou a ter 90 carrinhos e existe até hoje na capital fluminense. "Está lá até hoje, é uma das coisas que apesar da crise, continua funcionando. Porque é comida muito barata e boa."

Estadão
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