Rotina de Cid na prisão tem de corrida a períodos de leitura, diz jornal
Quando realiza seus exercícios físicos diários, o tenente-coronel é escoltado por um colega militar armado; ele segue preso em Brasília
Preso há 110 dias no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid tem uma rotina na detenção que conta com exercícios físicos, banho de sol, leituras e escolta, segundo informações obtidas com exclusividade pelo jornal O Globo.
Mauro Barbosa Cid é ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e está preso desde maio no bojo de uma operação sobre a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. Ele também está entre os suspeitos de utilizar a estrutura do Estado para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior.
Uma foto feita pelo jornal nesta quarta-feira, 23, mostra Cid vestido com um short verde-oliva, tênis esportivo e sem camisa. Segundo a reportagem, era por volta de 10h20 de ontem quando o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deixou a sala onde está preso para tomar o banho de sol.
Na ocasião, escoltado por um colega militar armado, ele se dirigiu a uma pista de corrida. A foto compartilhada pelo o jornal O Globo o mostra cabisbaixo, seguindo à risca a rotina de cerca de uma hora de exercícios, correndo em volta de um campo de futebol.
No local em que está detido Cid tem cama, armário, mesa de apoio, frigobar, além de um aparelho de TV, onde costuma acompanhar as notícias. Cid recebe quatro refeições por dias, as mesmas servidas no quartel: café da manhã, almoço, lanche e jantar.
Segundo a publicação, algumas vezes o tenente-coronel pode comer pratos feitos por familiares, que são os únicos visitantes autorizados a vê-lo pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Antes das visitas serem restritas à família de Cid, ele recebeu 73 pessoas em sua cela, sendo 41 delas militares, incluindo o ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) e o coronel Jean Lawand Júnior, segundo a reportagem.
"Preso ninguém fica bem. Mas, até aquele momento que eu o visitei, embora com todas as limitações de uma pessoa presa preventivamente, ele ainda estava de moral alta, tranquilo, preparando as questões da defesa", contou ao jornal O Globo o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
Longos períodos de leitura
Ainda segundo a reportagem, Cid tem outra atividade cotidiana que costuma fazer após finalizar os exercícios: longos períodos de leitura, que incluem livros e até mesmo calhamaço de documentos de seus processos, fazendo, inclusive, anotações que ajudem a sua defesa nos seis inquéritos em que está na mira da Polícia Federal.
Conforme o jornal, pessoas próximas contam que as revelações recentes abalaram o tenente-coronel na prisão. Ele trocou de advogado pela segunda vez e contratou o criminalista Cezar Bitencourt, com quem se se reuniu duas vezes, em conversas que duraram cerca de seis horas ao todo.
As pessoas que vão até a sala onde o militar está preso devem seguir os procedimento exigidos, que incluem depositar celulares e armas em um escaninho, deixarem ser fotografadas e preencherem com dados pessoais e assinatura um caderno.
Os visitantes ficam com Cid em uma sala quem tem uma mesa retangular e quatro cadeiras. Na semana passada, o militarrecebeu representantes da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, onde deverá prestar depoimento nesta quinta-feira.
"Mauro Cid é um militar forte, preparado, treinado para transpor situações difíceis. Ele terá uma postura colaborativa e segue confiante na sua defesa, mas só irá falar no momento certo", afirmou sua defesa ao jornal O Globo.