Senador boliviano adia ida à Câmara; deputado fala em 'pressões'
O senador boliviano Rogério Pinto Molina pediu para adiar o depoimento que estava marcado para a tarde desta terça-feira na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. O advogado do parlamentar não deu detalhes para os motivos do pedido, mas o presidente da comissão, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), disse não ter dúvidas que o boliviano "sofre pressões".
"Não tenho dúvida que ele sofreu pressões muito agudas, certamente da parte do governo. Não posso declarar nomes, porque não tenho provas. Mas acho que o governo, há 455 dias ofereceu asilo diplomático, possa rapidamente dar a solução para essa questão", disse Leite ao chegar ao Congresso ao lado do advogado de Molina, Fernando Tibúrcio.
Pinto Molina deixou a embaixada do Brasil em La Paz no fim de agosto, depois de ficar abrigado no local por 455 dias. Ele alega sofrer perseguição na Bolívia, onde responde a processos por corrupção. Opositor ao governo Evo Morales, Pinto Molina fugiu para o Brasil em um carro oficial até Corumbá (MS), onde embarcou em um avião com destino a Brasília.
O defensor do boliviano divulgou uma nota na qual alega apenas "fatores de ordem conjuntural" para a ausência do parlamentar na comissão. Ele não era obrigado a comparecer a sessão. Tibúrcio afirmou que dará mais esclarecimentos em uma entrevista coletiva que será realizada na Ordem dos Advogados do Brasil - na seccional do Distrito Federal ou na de Goiás, Estado onde Molina passou a residir.
Em entrevista à Agência Brasil publicada no domingo, Tibúrcio afirmou ter levado Molina a uma fazenda em Goiás, nos arredores de Brasília, até que o governo defina a sua situação. O parlamentar boliviano detinha asilo diplomático - tendo permissão de ficar na embaixada brasileira em La Paz -, mas ainda não há um asilo formal para Molina residir no Brasil.
Para o deputado Otávio Leite, Molina corre risco caso volte para a Bolívia. "Ele prossegue abalado, ele segue pressionado, preocupado com a a família dele, ele teme que se retornar a Bolívia a vida dele vai embora. E ele precisa de uma solução, que é política, sim", disse.