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Política

Senador boliviano que fugiu para o Brasil se diz perseguido por Evo Morales

Em entrevista à Globo News, Roger Pinto diz que denunciou envolvimento de líderes do governo da Bolívia com o narcotráfico

25 ago 2013 - 18h49
(atualizado às 19h48)
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O senador boliviano Roger Pinto, em foto de 2008
O senador boliviano Roger Pinto, em foto de 2008
Foto: EFE

O senador boliviano Roger Pinto, que fugiu para o Brasil neste final de semana após mais de um ano asilado na embaixada brasileira em La Paz para não ser preso, afirmou que denunciou o envolvimento de líderes do governo do presidente Evo Morales com o tráfico de drogas e, por isso, é perseguido pelo mandatário. “Pedi para o presidente Evo Morales para investigar e ele optou, como faz sempre, pelo insulto, pela calúnia, pela desqualificação da oposição”, afirmou Pinto ao canal Globo News.

“O governo do Evo Morales, ante falta de respostas, insulta a oposição. Não vou cair na facilidade de contestar o presidente da mesma forma, com insultos. O que está faltando aqui é resposta”, acusou o senador. Ele viajou 1,6 mil quilômetros de carro até Corumbá, no Estado do Mato Grosso do Sul, fronteira com a Bolívia. Ele nega as acusações de corrupção pelas quais foi condenado.

A chegada de Pinto ao Brasil provocou polêmica neste domingo com o governo da Bolívia exigindo informações sobre a "fuga" do político, condenado pela Justiça. "Estamos pedindo informações oficiais, tanto ao governo do Brasil como a outras autoridades (locais), sobre como se produziu a fuga de Pinto", disse a ministra boliviana da Comunicação, Amanda Dávila.

Segundo o ministro boliviano de Governo, Carlos Romero, afirmou que o senador abandonou "o país ilegalmente, com contas a acertar na justiça", e que os procedimentos legais serão aplicados.  O ministro disse ter confiança de que "a embaixada (do Brasil na Bolívia), pelos canais diplomáticos, dará as devidas explicações".

Romero informou que pediu, mediante a polícia boliviana, que o governo alerte a Interpol, não apenas porque há "uma sentença e a proibição de saída" do senador Pinto, como também pela "entrada em um país vizinho sem realizar o registro oficial de saída da Bolívia".

Já o ministro boliviano da Presidência, Juan Ramón Quintana, declarou que Pinto "fugiu como um delinquente vulgar", e não como um senador da República. Quintana, braço direito do presidente Evo Morales e um dos principais articuladores políticos do governo, disse que "esta fuga precisa ser esclarecida, certamente as autoridades brasileiras vão ter que explicar isto".

Bolívia e Brasil tentam evitar crise diplomática após fuga de senador:

"Não sabemos como escapou, mas trata-se da fuga de um delinquente porque é acusado penalmente" aqui na Bolívia. "Pensávamos que o senador Roger Pinto se apresentaria à justiça para se defender".

Pinto, que chegou à Brasília na madrugada de domingo, agradeceu "ao Brasil e as suas autoridades" pela concessão do asilo político. "Espero que prossiga meu asilo. Tenho asilo e espero que continue".

Apesar da confusão diplomática criada pela saída do senador ao Brasil, o governo em La Paz garantiu que as relações entre os dois países não serão afetadas, embora uma explicação oficial de Brasília seja aguardada.

"Este caso não afeta as relações com o Brasil. As relações entre Bolívia e Brasil continuam numa situação de absoluta cordialidade e respeito", disse a ministra Dávila em coletiva de imprensa. Ela garantiu que "o governo boliviano e o presidente Evo Morales sempre expressaram, e continuam o fazendo, todo seu afeto e respeito pela presidente (Dilma) Rouseff, e pelo governo brasileiro".

A saída do senador do território boliviano não foi, segundo a ministra, negociada. "Nenhuma permissão foi outorgada a ele". Ela explicou que por trás do caso Pinto "existem interesses políticos" de setores "ultraconservadores" tanto da Bolívia quanto do Brasil.

"É um caso que se criou de maneira fictícia com informações falsas enviadas ao governo brasileiro por parte de sua embaixada em La Paz", acrescentou Dávila.

Em entrevista a um canal de televisão privado, a ministra culpou o ex-embaixador do Brasil na Bolívia Marcel Biato pelo envio de informações distorcidas.

A chancelaria brasileira investigará a saída de Pinto da Bolívia e sua entrada no Brasil, onde recebeu asilo político, anunciando que "tomará as medidas administrativas e disciplinares correspondentes", disse o Itamaraty em nota este domingo.

"O Ministério está reunindo elementos sobre as circunstâncias em que foi verificada a saída do senador boliviano da embaixada brasileira e sua entrada em território nacional", destaca a nota oficial, acrescentando que chamará seu encarregado de Negócios em La Paz, Eduardo Saboia, para consultas em Brasília.

O senador, de 53 anos, buscou refúgio em maio de 2012 na legação brasileira em La Paz, argumentando perseguição política após apresentar denúncias de corrupção contra o governo. Apesar de o Brasil ter concedido asilo político a ele, o governo boliviano negava o salvo-conduto alegando que seu caso não era político, mas sim jurídico.

Em junho, um tribunal condenou a Pinto a um ano de prisão por prejuízos econômico ao Estado, apesar de sua defesa responder que trata-se de "uma decisão política" destinada a dificultar sua saída do país.

Com informações da AFP.

Fonte: Terra
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