Senador deixa Conselho de Ética após dinheiro na cueca
A vaga de Chico Rodrigues pertence ao bloco parlamentar Vanguarda, formado por DEM, PL e PSC
Flagrado com dinheiro na cueca e acusado de desviar recursos da covid-19, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) deixou nesta segunda-feira, 19, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, mas ainda é alvo de uma representação que pode cassar seu mandato na Casa. Chico Rodrigues fazia parte do colegiado que agora pode julgá-lo.
Ele pediu para sair da comissão. O ofício foi entregue ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado às 13h20 desta segunda-feira, com um pedido sucinto ao presidente do órgão, Jayme Campos (DEM-MT): "Com meus cordiais cumprimentos, solicito meu desligamento imediato do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar".
A vaga de Chico Rodrigues pertence ao bloco parlamentar Vanguarda, formado por DEM, PL e PSC. Cabe ao grupo partidário indicar um substituto para a cadeira. O Conselho de Ética está com atividades paralisadas por causa da pandemia. Diante do escândalo que envolve o senador do DEM de Roraima, parlamentares pressionam o Senado para reativar a comissão e abrir um processo contra ele. A decisão, porém, cabe ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Na sexta-feira (16), Chico Rodrigues foi retirado da comissão mista do Congresso responsável por acompanhar os gastos do governo com a doença do coronavírus. O senador ocupava uma vaga de suplente na comissão formada para fiscalizar justamente os recursos sobre os quais ele é acusado de desvio.
Nesta segunda, em nota, os advogados do parlamentar afirmaram que os R$ 33 mil encontrados pela Polícia Federal na cueca do congressista se destinavam ao pagamento dos funcionários de uma empresa da família. Além disso, a defesa alegou que Rodrigues "está sendo linchado por ter guardado seu próprio dinheiro".
Presidente do Conselho de Ética sugere licença de 4 meses
A cúpula do Senado está tentando montar uma estratégia para salvar o mandato do ex-líder do governo Chico Rodrigues (DEM-RR). Agora, o presidente do Conselho de Ética, Jayme Campos (DEM-MT), sugeriu uma licença de quatro meses para o colega. "Eu sugiro para o senador pedir um afastamento por 120 dias para não dizer que está obstruindo o andamento dos trabalhos e a apuração dos fatos. Mas essa é uma decisão pessoal dele, temos que respeitar", afirmou Campos ao Estadão/Broadcast.
Apesar de toda a movimentação, o Conselho de Ética está com as atividades paradas por causa da pandemia do coronavírus. A decisão de reativar o colegiado para julgar o senador cabe ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que permanece em silêncio sobre o assunto.
Na próxima quarta-feira, 21, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deve se manifestar sobre a decisão do ministro Luís Roberto Barroso de afastar Rodrigues por 90 dias. Mesmo assim, o entendimento da Corte ainda precisará passar pelo crivo do Senado.
Na prática, os senadores se movimentam para derrubar o veredicto do Supremo, deixando o caso só com o Conselho de Ética. Nesse sentido, a sugestão de um afastamento voluntário foi apresentada para Rodrigues apenas como forma de evitar mais desgaste.