Sergio Moro rebate acusações feitas por Jair Bolsonaro
"Todo mundo sabe quem é quem nessa história", defendeu-se o presidenciável sobre as acusações feitas pelo presidente em live na rede social
O presidenciável e ex-juiz Sergio Moro (Podemos-PR), rebateu as acusações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro na noite de quinta-feira (2), em sua tradicional transmissão semanal pelas redes sociais. O ex-ministro da Justiça reforçou a acusação de que o chefe do Executivo teria comemorado a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão e defendeu, citando seu compromisso com a população brasileira, o restabelecimento da execução em segunda instância no País.
"Não quero entrar em briguinhas, ofender, mas todo mundo sabe quem é quem nessa história e quem defende as coisas certas", disse Moro, em entrevista na manhã desta sexta-feira (3) à Rádio Jornal do Comércio do Recife. Ao ser chamado por Bolsonaro de mentiroso e sem caráter, o ex-juiz afirmou que não vai fazer acusações pessoais. Para ele, focar em xingamentos e não em programas políticos é "menosprezar a inteligência da população brasileira".
Em tom pacificador e com foco em pregar a convergência entre os políticos, distanciando-se da postura de Bolsonaro, Moro diz que não quer transformar uma discussão sobre o País em brigas pessoais. "Não vamos agredir as pessoas, não vamos ofender as pessoas, por mais que a gente discorde delas."
O ex-ministro manteve as acusações de que Bolsonaro teria comemorado a soltura de Lula e que um ministro do governo teria conversado com ele, a mando de Bolsonaro, para que não se trabalhasse para a execução em segunda instância. Sem citar nomes, Moro afirmou que, se o ministro não tiver a intenção de mentir para defender o presidente, não irá negar o relato. Além disso, ele também cobrou que se questione Bolsonaro sobre o episódio: "Pergunte hoje ao presidente se ele defende a aprovação da emenda constitucional que restabelece a execução em segunda instância e se o governo dele vai trabalhar para aprovar. Ou se ele vai de novo se omitir e comemorar quando criminosos são colocados na rua", declarou.
"É absolutamente necessário que a CCJ aprove a execução em segunda instância, e depois o Plenário, e depois o Senado. Essa é uma pauta fundamental para o País, não para mim, esqueça as eleições, isso é importante para o País, é uma conquista civilizatória", disse.
Moro manteve seu discurso de construção de um governo transparente, verdadeiro e baseado no diálogo, e reforçou que tal projeto se difere dos governos petistas e da atual gestão Bolsonaro. Ao se dizer disposto tanto no combate à corrupção quanto na luta pela não disseminação de fake news e pela liberdade de imprensa, Moro se diz com o compromisso de "sempre falar a verdade". "Não acredito que nós precisamos sacrificar ética para construir boa política, e não acredito que os brasileiros queiram isso", afirmou.
Barbosa
Em meio às especulações da construção de uma chapa para a Presidência da República em 2022, Moro admitiu ter procurado o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. Segundo Moro, eles estão conversando, mas o ex-juiz ponderou que "ainda é muito cedo para essas questões de posições, de eventual candidatura". Na visão de Moro, Barbosa é um "grande quadro brasileiro". Ele disse ter procurado o jurista para ouvir suas ideias para o Brasil.
"Temos que trazer para esse projeto, seja para participar ativamente, ou seja para colaborar para o projeto, os melhores quadros do País", declarou o ex-juiz, na entrevista. "Ele é uma grande figura da história brasileira, mas estamos ainda conversando", despistando sobre uma provável chapa presidencial entre ambos.
"Acho que o ministro Joaquim Barbosa tem condições de ser o que ele quiser para o País, porque ele é um quadro de absoluta qualidade", disse, tecendo elogios ao ex-ministro.
Questionado sobre seu posicionamento em um possível segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, Moro afirmou que o "eleitor vai ter outras alternativas". "Não acredito que o futuro do Brasil seja tão trágico", disse.
"O brasileiro não pode ser forçado a escolher entre um governo no qual houve os dois maiores casos de corrupção da história e que acabou em corrupção e o governo atual da 'rachadinha' e de nova recessão", afirmou.