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Política

Alesp: Servidores doaram mais de R$ 100 mil para presidente

Seis transferências foram feitas no mesmo dia e líder do PSL pede investigação do Ministério Público

25 fev 2019 - 21h22
(atualizado às 21h55)
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Nove funcionários comissionados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), entre assessores, diretores e até o secretário-geral de administração, doaram, juntos, R$ 103,5 mil para a campanha à reeleição do presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB). O tucano é o favorito para vencer a eleição da Mesa Diretora no dia 15 de março e comandar o Legislativo por mais dois anos.

Registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que seis funcionários fizeram transferências bancárias para a conta da campanha de Cauê no mesmo dia, em 19 de outubro de 2018, 12 dias após as eleições. Três funcionários doaram R$ 20 mil cada um, mais do que recebem de salário líquido da Alesp.

Na foto o governador eleito João Doria e o deputado Cauê Macris durante Cerimônia de Posse realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
Na foto o governador eleito João Doria e o deputado Cauê Macris durante Cerimônia de Posse realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
Foto: JALES VALQUER/FRAMEPHOTO / Estadão Conteúdo

Na lista está o atual diretor do Departamento de Comunicação da Alesp, Matheus Granato, ex-assessor de imprensa de Cauê. "A doação foi legal e compatível com a minha renda", afirmou Granato, que recebe salário líquido de R$ 19,5 mil e disse ter feito a contribuição eleitoral ao presidente da Casa de forma espontânea. "Não sabia que outros funcionários também fizeram doações".

O atual secretário-geral de administração da Alesp, Joel José Pinto de Oliveira, ex-assessor de gabinete do tucano e presidente do PSDB em Santa Bárbara, e o vice-prefeito de Americana, Roger Willians (PSDB), que se licenciou do cargo na cidade do interior para ser assessor especial de Cauê no Legislativo, também doaram R$ 20 mil cada. A reportagem não conseguiu localizá-los na noite desta segunda-feira, 25.

Os valores doados pelos servidores são bem superiores ao que o próprio presidente da Alesp investiu na sua campanha: apenas R$ 1,8 mil. Ao todo, o tucano arrecadou R$ 751 mil, segundo registro no TSE, sendo que R$ 170 mil foram recursos do fundo eleitoral transferidos pela campanha do pai, o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB), e R$ 150 mil por um empresário de Americana, reduto eleitoral da família Macris.

A lei eleitoral não proíbe doações eleitorais de servidores públicos. Para qualquer tipo de contribuição feita por pessoa física a campanhas políticas, a legislação estabelece apenas um limite de doação de até 10% dos rendimentos brutos obtidos pelo doador no ano anterior à eleição.

As contribuições eleitorais de servidores à campanha de Cauê devem ser alvo de investigação do Ministério Público Estadual (MPE). Nesta segunda-feira, o deputado estadual eleito Gil Diniz (PSL) formalizou um termo de declaração na Promotoria do Patrimônio Público pedindo apuração sobre o caso. Ele é líder do partido que lançou a deputada Janaína Paschoal para disputar a presidência da Alesp.

Segundo Diniz, além dos funcionários da Alesp, 92 agentes fiscais de renda, lotados na Secretaria Estadual da Fazenda, também fizeram doações oficiais ao tucano, entre R$ 1 mil e R$ 5 mil. "Essa questão chegou até a mim por meio de eleitores. Como me pareceu atípico, resolvi acionar o MP, órgão competente para investigar essa situação", afirmou.

O promotor Silvio Marques colheu o depoimento do deputado do PSL e encaminhou o documento ao procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, que analisará quem tem competência para investigar o parlamentar dentro do Ministério Público.

Em nota, o presidente da Alesp afirmou que "causa estranheza que nas vésperas da eleição da Mesa Diretora", o líder do PSL " tente criar um factóide político com uma denúncia caluniosa". Segundo a nota, as contas de Cauê foram aprovadas pelo TSE. "Aqueles que se intitulam a nova política utilizam de práticas obscuras da velha política para tentar confundir a sociedade, como se existisse algo ilegal na prestação de contas do deputado".

Estadão
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