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Política

Sidônio expõe cartilha de comunicação em reunião ministerial e Lula diz que sairá mais do gabinete

Novo ministro afirma que política, gestão e comunicação têm andado separadas no terceiro mandato do PT e pede que todos falem agora sobre a herança de "destruição" do governo Bolsonaro

20 jan 2025 - 20h28
(atualizado às 22h08)
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BRASÍLIA - O governo Lula terá, a partir de agora, uma cartilha de comunicação para evitar crises como a que ocorreu no caso das notícias falsas sobre a taxação do Pix. Na primeira reunião ministerial do ano, nesta segunda-feira, 20, o novo titular da Comunicação Social, Sidônio Palmeira - há apenas uma semana no cargo -, disse que todos os seus colegas, de agora em diante, precisarão adotar uma estratégia ofensiva e pôr de pé uma "central de monitoramento das redes sociais" para dar respostas rápidas a problemas que atingem o governo.

O recuo da equipe econômica, obrigada a revogar na semana passada a medida da Receita Federal que ampliava a fiscalização de transações financeiras com o Pix, foi atribuído por Sidônio a um erro de comunicação. Pesquisas que chegaram ao Palácio do Planalto, no entanto, também indicaram falta de confiança na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em sua apresentação, o novo ministro avaliou que a política, a gestão e a comunicação têm andado separadas no terceiro mandato de Lula. O presidente concordou e disse ali que estava cansado de ficar em seu gabinete no Planalto, sem sair às ruas. Aparecendo pela primeira vez sem o chapéu Panamá que usou após a cirurgia para drenar um hematoma na cabeça, Lula cobrou dos ministros que os programas saiam do papel para que ele possa anunciá-los.

"Chega desse negócio de fazer ato no Planalto. Estou cansado disso e vou para a rua", afirmou o presidente, de acordo com relatos de ministros que participaram do encontro.

Lula disse, ainda, que "2025 vai ser o ano da verdade" e anunciou conversas com ministros e partidos, nos próximos dias, para discutir o futuro da aliança governista. A frase foi interpretada como uma alusão à reforma ministerial, que deve ocorrer após a eleição para as presidências da Câmara e do Senado, em 1.º de fevereiro.

A portas fechadas, o presidente avisou que sabe muito bem como cada bancada de partido aliado - do PT ao Centrão - está votando no Congresso. Durante as quase oito horas de reunião, na Granja do Torto, Lula pediu projetos aos 38 auxiliares para 2025. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, também compareceu ao encontro, além dos líderes do Planalto na Câmara, no Senado e no Congresso.

Ao destacar que o governo é melhor do que a percepção popular, Sidônio deu outra instrução da cartilha: cada ministro deverá agora falar sobre a "herança de destruição" deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro quando for dar entrevistas.

"A base de tudo é uma questão de referência. As pessoas precisam saber como o governo encontrou o copo: se meio vazio, meio cheio, vazio ou cheio", disse o chefe da Secom, que foi marqueteiro da campanha petista, em 2022.

A orientação, agora, é para que o próprio Lula atue como "motor de conteúdo" do governo. Na tentativa de centralizar a comunicação, toda vez que houver alguma medida importante a ser divulgada, seja de que ministério for, quem falará primeiro será o presidente. Depois, os canais oficiais do governo e, só então, os ministros.

"Eu não vim para cá para aparecer", afirmou Sidônio, ao argumentar que, com a nova estratégia, os programas de todas as pastas serão valorizados. O publicitário pediu, ainda, que os colegas parassem de dar informações a jornalistas sob a condição do anonimato, prática que definiu como "República do off". Argumentou que os ministros só deveriam falar uns dos outros para elogiar, nunca para criticar.

"É importante que a gente tenha centralidade nas decisões e nos anúncios para que, nesse mundo de alta velocidade da comunicação, a informação organizada chegue antes da mentira", insistiu o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Antes, Lula havia dado uma estocada no ex-ministro da Secom Paulo Pimenta (PT), que deixou o Planalto há uma semana. Disse que gostava muito de Pimenta, mas ressalvou que ele não entendia nada de comunicação.

A posse de Donald Trump como 47.º presidente dos Estados Unidos teve pouco espaço na reunião ministerial, de acordo com quem esteve na Granja do Torto. Na conversa com auxiliares, Lula adotou o mesmo tom de seu pronunciamento transmitido ao vivo na abertura do encontro, quando assegurou que não quer briga com os EUA. Ao afirmar que a relação não é pessoal, mas, sim, entre Estados, ele lembrou como se dava bem com o então presidente americano George W. Bush, também do Partido Republicano.

Presidente dá alfinetada em dois ministros

Após a exposição de Teixeira, Lula disse que esperava que ele e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), apresentassem ali sugestões para baixar o preço dos alimentos. O ministro do Desenvolvimento Agrário respondeu que havia sido criado um grupo de trabalho entre a pasta comandada por ele e os ministérios da Agricultura e Fazenda justamente para apresentar propostas sobre isso. Sem esconder a contrariedade, Lula respondeu que não podia esperar até o fim do ano para baixar o preço dos alimentos.

Não houve pausa durante a reunião e, com isso, o almoço acabou sendo servido depois das 16 horas. No cardápio do "almojanta", como chamaram os ministros, constavam peixe e filé com molho. "Foi muito importante essa reunião para o governo sair da defensiva", resumiu o titular da Previdência, Carlos Lupi.

Estadão
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