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Política

Silêncio de Bolsonaro vira sinal verde para mobilização de extremistas em Brasília

Grupo se reúne nas imediações da Praça dos Três Poderes e do QG do Exército na capital federal.

31 out 2022 - 19h37
(atualizado às 19h58)
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O presidente Jair Bolsonaro se mantém em silêncio horas após a derrota para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente Jair Bolsonaro se mantém em silêncio horas após a derrota para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Foto: Wilton Junior / Estadão / Estadão

Com o silêncio do presidente Jair Bolsonaro (PL), extremistas se organizam pela internet para manter fechamento de estradas e protestar na Esplanada dos Ministérios em Brasília contra a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo alega que é preciso fazer uma "ação urgente contra a fraude eleitoral".

No Telegram, esses extremistas convocam para um ato na Esplanada dos Ministérios, falam em "resistência armada" e convocação de militares, medidas que são inconstitucionais. A ação anunciada em rede social levou a Secretaria de Segurança do Distrito Federal a bloquear o acesso à Praça dos Três Poderes. Os manifestantes também incentivam a reunião em frente ao Quartel General do Exército, na capital federal. Um grupo de apoiadores do presidente já está com bandeiras no setor militar próximo à sede do Comando do Exército.

Lideranças do Congresso e do agronegócio também tentam desmobilizar bolsonaristas, enquanto o presidente da República não dá satisfações sobre os acontecimentos quase 24 horas depois de sair derrotado das urnas.

No entorno do DF, também há movimentação de caminhoneiros. No núcleo rural do Paranoá, a 40 quilômetros de Brasília, manifestantes atearam fogo em pneus e bloquearam a BR 251.

Autoridades federais e distritais que acompanham a organização de atos em Brasília veem o cenário com apreensão. Temem que, com o silêncio, Bolsonaro esteja buscando repetir, à sua maneira, o ex-presidente dos EUA Donald Trump, no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Seria uma estratégia de "deixar acontecer", sem que tenha que incentivá-los pessoalmente.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o estrategista da campanha de Trump, Steve Bannon disse que a vitória de Lula foi roubada e que Bolsonaro não deveria reconhecer o resultado das eleições. "Não há possibilidade de o resultado das urnas eletrônicas estar correto. É preciso uma auditoria urna a urna, nem que demore seis meses. Nesse meio tempo, o presidente não deve aceitar sair", disse à Folha.

A preocupação de agravamento da crise cresceu após uma publicação no Twitter do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ): "Pai, estou contigo pro que der e vier!", escreveu o filho do presidente.

Em uma entrevista concedida ao Estadão em junho deste ano, Flávio disse considerar "impossível conter reação de apoiadores a resultado de eleições".

Auditoria militar

Enquanto isso, nos grupos de extremistas que se mobilizam os apoiadores de Bolsonaro dizem esperar os resultados da auditoria feita pelos militares sobre as urnas eletrônicas, pedem uma "intervenção militar" e se dizem dispostos a pegar em armas. "Eu topo participar da resistência armada na divisa sul do DF", escreveu um extremista. "A eleição foi fraude, temos que tomar uma atitude contra urgentemente", disse outro.

Para um outro mobilizador do grupo, os sinais da família Bolsonaro indicam que eles teriam algo que possa reverter o resultado das urnas. "Ele (Flávio) disse que Bolsonaro teve a maior votação da sua vida, com certeza estão com o relatório das urnas".

Estadão
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