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Política

Skaf ataca Doria após pedido de "guerra" de Bolsonaro

Presidente da Fiesp critica medidas de isolamento social do governo paulista em meio à pandemia da covid-19

20 mai 2020 - 19h22
(atualizado às 19h48)
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Uma semana após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarar "guerra" ao governador João Doria (PSDB) e convocar empresários ligados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a jogar pesado com o tucano em uma live com mais de 500 representantes do setor, o presidente da entidade, Paulo Skaf (MDB), publicou nas redes sociais pela primeira vez um vídeo com duras críticas ao governo paulista. O empresário, porém, foi o único do grupo que encampou publicamente o discurso anti-Doria.

Skaf ataca Doria após pedido de "guerra" de Bolsonaro
Skaf ataca Doria após pedido de "guerra" de Bolsonaro
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão Conteúdo

Idealizado por Skaf, que é pré-candidato ao governo paulista em 2022 e desafeto de Doria, o grupo que ouviu o "apelo" do presidente se chama 'Diálogos pelo Brasil' e conta com as maiores lideranças empresariais do País. Entre outros, fazem parte Abílio Diniz, presidente do Conselho de Administração da Península Participações, André Gerdau, do Grupo Gerdau, Constantino Junior, da Gol, Edgard Corona, do grupo Bio Ritmo e Smart Fit, e Carlos Sanchez, presidente da EMS. Todos eles estavam presentes na live da semana passada. Para ampliar a pressão sobre o Palácio dos Bandeirantes, Skaf decidiu abrir a live para mais de 500 lideranças ligadas a Fiesp, entre diretores, conselheiros e dirigentes regionais.

Apesar de defenderem o relaxamento gradual do isolamento social e a tese de dar mais autonomia aos prefeitos para evitar a judicialização, os capitães da indústria não querem se expor e entrar em confronto aberto com Doria, que também é líder empresarial e foi fundador do Lide (Grupo de Líderes Empresariais). Coube então a Skaf vocalizar a bandeira empresarial que une o setor.

"Essas medidas que o governo do Estado de São Paulo vem tomando de forma horizontal tratando todos os municípios da mesma forma prejudica todo mundo. Se nós temos 645 cidades em São Paulo são 645 histórias", disse o dirigente empresarial. Aliado político de Bolsonaro, que deve levá-lo para seu novo partido, o Aliança pelo Brasil, quando a sigla sair do papel, Skaf adotou um discurso municipalista para pressionar o Palácio dos Bandeirantes a flexibilizar o isolamento.

"Cada município deveria ter liberdade. Vamos completar 70 dias parados. Não conheço nenhum país do mundo que tenha passado de 70 dias", disse o empresários. Ainda segundo o presidente da Fiesp, a antecipação dos feriados foi "mais uma medida improvisada e sem planejamento".

Em reunião organizada pela Fiesp com empresários do grupo Diálogos pelo Brasil na semana passada, Bolsonaro disse que um homem está decidindo o futuro de São Paulo, o futuro da economia do Brasil. "Os senhores, com todo o respeito, tem que chamar o governador e jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra", disse em um encontro por videoconferência.

Skaf vinha atuando nos bastidores para aproximar Bolsonaro dos empresários, mas evitava confrontar Doria publicamente. A estratégia do dirigente é reforçar a pressão de prefeitos do interior que pedem abertura. Algumas prefeituras, como São José dos Campos, usaram o decreto de Bolsonaro considerando academias e salões de beleza como serviço essencial para desafiar o decreto do governo, mas tiveram que recuar por decisão da Justiça.

Bolsonaro já publicou cinco decretos determinando quais são as atividades essenciais para o governo federal. O último deles, do dia 11, incluiu academias, salões de beleza e barbearias no rol de segmentos liberados para funcionar em meio à pandemia. Os Estados e cidades têm porém autonomia para acatar ou não a liberação das atividades. Ampliar o leque de atividades essenciais foi a forma que Bolsonaro encontrou para pressionar governadores e prefeitos a adotarem medidas que promoveriam uma retomada da economia.

Resposta

O secretário de Desenvolvimento Regional de São Paulo e presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, reagiu às críticas de Skaf. "É triste que na semana que São Paulo tenha atingido o seu recorde de mortos, o presidente da Fiesp decida fazer comício em velórios. O gesto de Skaf ignora o sofrimento de cinco mil famílias. Não por acaso, Skaf perdeu todas as eleições que disputou. A população é inteligente e sempre soube identificar o oportunismo político", disse o tucano ao Estado.

O governo paulista, segundo o secretário, mantém um diálogo aberto com as prefeituras e prepara um modelo de flexibilização. A articulação está sendo feita por meio de um conselho que conta com os prefeitos de 16 cidades que são sede de regiões administrativas. A avaliação preliminar é que a capital, Baixada Santista e cidades da região metropolitana devem aguardar a melhora dos números de isolamento social, mas pode haver mudança no interior. Uma decisão será tomada no dia 31. Segundo Vinholi, até lá está tudo em aberto. O Conselho municipalista que conta com representantes das 16 regiões administrativas do estado esta organizando os planos regionais, pactuados pelos prefeitos.

No dia 7 de maio, o presidente Jair Bolsonaro foi caminhando com ministros e outro grupo de empresários não ligados a Fiesp até o Supremo Tribunal Federal (STF). Diante do ministro Dias Toffoli, ele fez um apelo para que as medidas de isolamento social fossem flexibilizadas. Há ainda um terceiro grupo de empresários do varejo e serviços que adotou uma linha mais agressiva contra os governadores e de alinhamento total com o presidente da República.

Estadão
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