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Política

Sou parlamentar com P maiúsculo, diz Bolsonaro no Conselho

29 jun 2011 - 15h52
(atualizado às 18h48)
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Claudia Andrade
Direto de Brasília

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) defendeu-se nesta quarta-feira das acusações de disseminar o preconceito e estimular a violência com declarações contra negros e homossexuais. Ele falou aos integrantes do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que analisavam relatório favorável à abertura de processo disciplinar contra o parlamentar. As representações foram apresentadas pelo Psol.

Senadora Marinor Brito (PSOL-PA) e deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) discutem durante reunião na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que debate proposta que pune a discriminação a homossexuais
Senadora Marinor Brito (PSOL-PA) e deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) discutem durante reunião na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que debate proposta que pune a discriminação a homossexuais
Foto: Márcia Kalume / Agência Senado

"Me dá asco ser representado por questões como estas", iniciou Bolsonaro, alegando que não havia nenhuma materialidade nas denúncias contra ele e defendendo sua liberdade de expressão. O deputado não poupou críticas ao Psol: "é um partido muito preocupado com a ética dos outros. Mas um partido que defende o kit gay não tem moral pra criticar ninguém", disse, referindo-se ao kit contra a homofobia, que o governo preparava para distribuir nas escolas.

Bolsonaro terminou sua defesa antecipando que espera ficar livre das acusações. "Não posso ter medo dos senhores, até porque a maioria aqui são heterossexuais preocupados com a família. Se fosse LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), eu seria condenado", afirmou. "Não vou me calar com essa representação sem vergonha, com esse lixo. Sou parlamentar com P maiúsculo, não com H minúsculo de homossexual". O líder da legenda, Chico Alencar (RJ), rebateu dizendo que Bolsonaro "tem verdadeira obsessão com homoafetivos" e "ódio às diferenças".

Denúncias

As representações que foram relatadas pelo deputado Sérgio Brito (PSC-BA) referem-se à discussão entre ele e a senadora Marinor Brito (Psol-PA), durante debate sobre o projeto de criminalização da homofobia, no dia 12 de maio. Na ocasião, Bolsonaro e Marinor trocaram insultos depois que o deputado se posicionou atrás da senadora Marta Suplicy (PT-SP), que concedia entrevista, com folhetos "anti-gays", o que irritou a senadora do Psol.

Na representação, o partido acusou Bolsonaro de "ofender moralmente a senadora", distribuir panfletos com afirmações "mentirosas, difamatórias e injuriantes" a respeito da causa LGBT e também correlacionar a mulher negra à promiscuidade. Este ponto refere-se à entrevista que o deputado deu ao programa CQC, na qual, em resposta a uma pergunta da cantora Preta Gil sobre como ele reagiria se seu filho namorasse uma mulher negra, disse que o seu filho não corria esse risco já que, ao contrário de Preta, não havia crescido em um ambiente promíscuo.

O relator considerou que deve ser dado prosseguimento ao processo, argumentando que "há programas de televisão e reportagens que relacionam a ele os fatos narrados e, ao menos em tese, o acuso da prerrogativa da imunidade parlamentar constitui ato incompatível com o decoro parlamentar". "Ademais, os fatos são recentes e não evidentemente atípicos", acrescenta o relatório que deverá ser votado pelos integrantes da comissão.

Fonte: Terra
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