SP não pode aceitar todo mundo, diz movimento separatista
Grupo que pede a independência de São Paulo diz que repudia xenofobia, mas propõe controle rígido da entrada de pessoas; para movimento, governo Alckmin é “frouxo”
“O Estado está inchado em população. Como vamos resolver isso? Expulsando as pessoas? Não. Mas precisamos procurar meios para que a população cresça de forma controlada. Temos um território relativamente pequeno e podemos ter cada vez mais crises de falta de água e de energia”.
A declaração é do professor de história Júlio César Bueno, 24 anos, presidente do Movimento São Paulo Independente (MSPI), que defende a separação do Estado do restante do País e foi criado em 1992. O grupo, que tem cerca de 50 membros, havia marcado uma visita ao obelisco do Ibirapuera neste domingo, aniversário de São Paulo, mas encontrou os portões do monumento fechados – policiais informaram que a interdição era uma medida de segurança diante da “manifestação” convocada pelo grupo. Cerca de 20 pessoas compareceram ao ato.
De acordo com Bueno, o movimento “repudia” xenofobia, mas entende que é preciso controlar a entrada de pessoas no Estado. “Muita gente tende a nos relacionar com xenofobia, racismo, preconceito. Isso não bate com a realidade. Temos pessoas descendentes de nordestinos, de fé das mais variadas, homens e mulheres. Não tem discriminação”, diz.
“Não é um movimento de segregação, mas um movimento de liberdade, de melhoria e inclusão social. Mas a gente não pode aceitar todo mundo em São Paulo. Temos um território limitado e precisamos controlar a entrada de pessoas., com uma lei baseada em critérios bastante objetivos. Não dá para entrar todo mundo em São Paulo”, continua o líder do MSPI.
Bueno diz ter “convicção” de que, com a independência, São Paulo teria condições de resolver todos os seus problemas. “O governo federal serve para produzir subdesenvolvimento. A gente sabe que o dinheiro que sai do Estado que paga mais impostos não vai para os Estados mais pobres. Esse dinheiro acaba se perdendo em corrupção”, afirma.
Crise da água
Apesar das críticas ao governo federal, Bueno diz que São Paulo poderia ser ainda mais próspero se os últimos governos não fossem “frouxos”. O Estado é governado pelo PSDB há mais de 20 anos.
“Faço críticas ao governador (Geraldo Alckmin), ao partido dele e a todos que o antecederam. É um governo frouxo. Os governantes paulistas poderiam ter resolvido a crise da água, mas eles não têm nenhum interesse em governar o Estado. Todos eles têm o objetivo final de chegar a Brasília, à Presidência da República. É assim com o Alckmin, foi assim com o Serra, com o Quércia, com o Franco Montoro, com o Maluf”, diz.
Questionado sobre o que São Paulo independente poderia fazer caso ficasse sem água, Bueno foi direto. “Nós não precisamos entrar em conflito com os demais Estados. A gente simplesmente compraria água. Nós temos dinheiro.”