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Política

Suposta dose de vacinação de Bolsonaro em SP é investigada pela CGU e PF; entenda

Evidências indicam ser um caso de ato criminoso contra o ex-presidente; na ficha, o e-mail cadastrado era ‘lula@gmail.com’

4 mai 2023 - 23h22
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No Rio de Janeiro, há registros de duas doses no nome de Jair Bolsonaro e sua filha, Laura. Segundo a PF, após emissão de certificado no DataSus, os dados de vacinação foram 'apagados' do sistema do governo.
No Rio de Janeiro, há registros de duas doses no nome de Jair Bolsonaro e sua filha, Laura. Segundo a PF, após emissão de certificado no DataSus, os dados de vacinação foram 'apagados' do sistema do governo.
Foto: Reuters/Adriano Machado

Há um registro de vacinação contra covid-19 no nome do ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo. Mas, diferente do que apontam as investigações da Polícia Federal (PF) com relação aos supostos dados falsos inseridos no sistema do Ministério da Saúde em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, as evidências deste caso indicam se tratar de um ato de vandalismo contra o ex-presidente. 

Foi registrada como aplicada no dia 19 de julho de 2021 uma dose única da Janssen em Jair Bolsonaro. A data de inserção no sistema foi em 14 de dezembro de 2021. Tudo teria ocorrido na Unidade Básica de Saúde Parque Peruche, na zona norte de São Paulo. Dados da suposta carteira de vacinação de Bolsonaro vazaram no início deste ano.

Ao tomar conhecimento do registro, no dia 9 de janeiro, representantes da Secretaria de Saúde da Prefeitura de São Paulo registraram um boletim de ocorrência por falsidade ideológica. No documento, obtido pelo Terra, consta que o lote da vacina registrada não foi recebido pelo município, assim como a profissional que supostamente teria aplicado a dose nunca trabalhou na unidade de saúde em questão.

Além disso, a Prefeitura de São Paulo chama a atenção para o email lula@gmail.com cadastrado na ficha do responsável que subiu os supostos dados da vacina de Bolsonaro nos sistemas do governo. A data de aplicação apontada também reafirmou suspeitas de se tratar de um ato criminoso, por ter sido no dia em que Bolsonaro recebeu alta de um hospital privado em São Paulo, após ter sido internado por conta de uma obstrução intestinal.

Foto: Reprodução/Prefeitura de SP

A adulteração no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro feita em São Paulo é investigada pela Controladoria-Geral da União (CGU), assim como os casos do Rio de Janeiro. Segundo o órgão, eles acompanham a ocorrência desde os últimos dias do governo Bolsonaro.

Estas informações foram compartilhadas com a Polícia Federal, subsidiando a Operação Venire, deflagrada na quarta-feira, 3. No relatório da PF sobre a operação, que teve seu sigilo retirado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não há informações sobre o registro de São Paulo.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que todas informações inseridas no sistema de registro de imunizações do SUS são rastreáveis e feitas mediante cadastro. Segundo a pasta, não há relato de invasão externa, feita sem cadastro, ao sistema.

Foto: Infográfico: Redação Terra

Entenda a Operação Venire

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi preso na quarta-feira, pela Polícia Federal. Além dele, mais cinco pessoas foram presas

• Max Guilherme, ex-sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e segurança do ex-presidente;

• Sergio Cordeiro, militar do Exército Brasileiro e também segurança de Bolsonaro;

• Luís Marcos dos Reis, sargento do exército que foi assessor de Bolsonaro e trabalhou com o ajudante de ordens Mauro Cid;

• João Carlos de Souza Brecha, secretário municipal de Saúde de Duque de Caxias (RJ);

• Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército que se candidatou pelo PL à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro na última eleição.

Também foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão. Entre os endereços alvo, estão o do ex-chefe do Executivo. No local, a PF apreendeu o celular dele; o da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro teria sido poupado. A investigação apura a falsificação de dados das seguintes carteiras de vacinação:

• Jair Bolsonaro;

• Laura Bolsonaro, filha do ex-presidente; 

• Mauro Cid, além da mulher e filha dele.

A operação foi realizada em Brasília e no Rio de Janeiro. Conforme a PF, os dados falsos foram supostamente inseridos, entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde. O objetivo era burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelo Brasil e Estados Unidos.

Bolsonaro foi para os EUA no final de seu mandato, juntamente com os dois seguranças presos. A falsificação de documentos para entrar nos Estados Unidos pode levar a dez anos de prisão em solo americano por fraude. Em 2021, o país incluiu na lista desses documentos a certificação da vacina contra a covid-19, e a obrigatoriedade da imunização contra a doença em solo americano segue obrigatória até o dia 12 de maio deste ano.

Bolsonaro nega ter tomado vacina

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em entrevista à imprensa, do lado de fora de sua casa em Brasília, que não tomou a vacina contra a covid-19 e se mostrou surpreso com a motivação para a operação da Polícia Federal deflagrada na quarta-feira.

"O objetivo da busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro: cartão de vacina. O que eu tenho a dizer a vocês: Eu não tomei a vacina, foi uma decisão pessoal minha depois que eu li a bula da Pfizer. O cartão de vacina da minha esposa também foi fotografado. Ela tomou a vacina nos Estados Unidos, a Janssen", declarou.

"E a outra é minha filha, eu respondo por ela, Laura, de 12 anos, não tomou a vacina também, tenho o laudo médico no tocante a isso. No resto, eu realmente fico surpreso com uma busca e apreensão com esse motivo. Eu não tenho mais nada o que falar", continuou.

Na manhã de quarta, a defesa de Bolsonaro solicitou adiamento do depoimento do ex-presidente, que estava previsto para às 10h. Os advogados alegaram que não tiveram acesso aos autos da investigação, o que inviabilizaria o depoimento. O pedido foi aceito. 

Fonte: Redação Terra
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