Surto de virose no Guarujá gera críticas de deputados do PL e PSOL à Sabesp
Apesar de partidos terem ideologias opostas, crise no litoral paulista uniu legendas em busca de soluções
Deputados do PL e do PSOL se uniram em críticas à Sabesp após a Prefeitura do Guarujá levantar a suspeita de que um vazamento na rede de esgoto da concessionária pode estar ligado ao aumento de casos de gastroenterocolite aguda no litoral paulista. A empresa, no entanto, nega qualquer ligação com o surto da doença, também conhecida popularmente como “virose”.
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O deputado estadual Tenente Coimbra (PL) enviou um ofício à Secretaria Estadual de Meio Ambiente pedindo que o governo avalie as condições ambientais e sanitárias do litoral. No documento, Coimbra classificou como "inadmissível" o despejo clandestino de esgoto no mar do Guarujá, confirmado pela própria Sabesp.
O ofício dirigido à secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, diz que as unidades de saúde estão sobrecarregadas em Guarujá e Praia Grande. “A situação torna-se ainda mais preocupante diante da confirmação, pela Sabesp, de um extravasamento de esgoto na Praia da Enseada, ocorrido no último dia 2 de janeiro”, diz o documento, ao qual o Terra teve acesso.
“Apesar de a companhia negar qualquer relação direta entre o vazamento e o aumento dos casos de virose, a possibilidade de causalidade não pode ser descartada sem uma investigação criteriosa”, completou o deputado estadual do PL.
Em seguida, ele cobra uma intervenção junto à Sabesp para que sejam investigados despejos irregulares de esgoto em praias; que sejam avaliados os impactos ambientais e sanitários do extravasamento na Praia da Enseada; e requer informações sobre medidas para prevenir novos episódios de vazamento de esgoto.
Deputada Federal cobra respostas
Já a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) acionou na última sexta-feira, 3, a Sabesp, a Cetesb e a Secretaria de Saúde do Estado. Em seu ofício, Hilton solicitou esclarecimentos sobre o aumento dos casos de virose, cobrando informações sobre as ações para assegurar a qualidade da água e o monitoramento dos atendimentos médicos relacionados.
No documento, a deputada cobra esclarecimentos sobre quais medidas estão sendo tomadas para garantir a qualidade e potabilidade da água distribuída, balneabilidade das águas marinhas aos banhistas e monitoramento dos altos índices de casos e atendimento de viroses em cidades do Litoral Sul de São Paulo.
“A possibilidade de existência de uma causa extrasazonal deve ser vista com preocupação pelas autoridades públicas, especialmente as autoridades de saúde e de saneamento, assim como os prestadores dos serviços de água e esgoto. E uma possível omissão ou falha nos serviços prestados, tanto pela SABESP e CETESB, quanto pela Secretaria de Saúde, aponta para a necessidade urgente de apuração de condutas e responsabilidades, além da adoção de medidas corretivas, com o objetivo de proteger a saúde da população e evitar novos surtos”, diz o ofício assinado pela deputada federal Erika Hilton.
Ela ainda cobra medidas relacionadas à análise da qualidade da água distribuída, falhas no sistema de tratamento e distribuição de água, tratamento de esgoto, e o monitoramento do surto de virose na região da Baixada Santista.
O que diz a Sabesp
Em nota, a Sabesp afirmou que o surto de virose não tem relação com suas operações. A empresa destacou que não identificou nenhum problema em sua rede que pudesse ter impactado as praias do Guarujá ou outras localidades do litoral paulista. Leia a seguir.
“A Sabesp informa que o surto de virose não tem relação com a operação da empresa. Não foi identificado qualquer problema em sua rede que possa ter atingido as praias do Guarujá ou qualquer outra do litoral paulista. Os sistemas de água e esgoto da Baixada Santista estão operando normalmente e são monitorados 24 horas por dia. A Companhia ainda não foi notificada pela Prefeitura da cidade, mas, de toda forma, já prestou os devidos esclarecimentos à Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Cabe lembrar que o município possui cerca de 45 mil imóveis irregulares, cujo despejo de esgoto pode estar sendo realizado em galerias de águas pluviais, o que afetaria a balneabilidade das praias. Isso porque as redes municipais de águas das chuvas, que devem ser fiscalizadas pela prefeitura, desembocam no mar.”
O Terra procurou a Prefeitura de Guarujá para um posicionamento, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.