Suspeito de ataque a assentamento do MST em SP, que teve prisão decretada, continua foragido
Polícia realiza buscas para localizar Ítalo Rodrigues da Silva, suspeito de participar do ataque contra sem-terra que deixou dois mortos e seis feridos em Tremembé (SP), no Vale do Paraíba
Ítalo Rodrigues da Silva, um dos suspeitos de participar do ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé (SP), continua foragido, segundo informações da Polícia Civil obtidas pelo Estadão. No último domingo, 12, a Justiça decretou a prisão temporária de Ítalo e de Antonio Martins dos Santos Filho, conhecido como "Nero do Piseiro", por 30 dias. O crime deixou dois mortos e seis feridos.
Nero do Piseiro, suspeito de ter chefiado o ataque, está preso desde sábado, 11. Ele estava escondido no bairro Santa Tereza, em Taubaté (SP), cidade vizinha a Tremembé, e foi detido em flagrante no local. Segundo o delegado Marcos Ricardo Parra, chefe da seccional de Taubaté, Nero teria admitido envolvimento no caso.
A prisão preventiva de ambos foi decretada pelo juiz da Vara do Júri de Taubaté Flavio de Oliveira Cesar, segundo o qual há "indícios consistentes de autoria" do crime em relação a Nero e Ítalo. O juiz considerou que os suspeitos poderiam prejudicar o andamento das investigações se ficassem soltos.
Equipes da Delegacia Especializada de Investigações Criminais de Taubaté realizam diligências para localizar Ítalo. Os investigadores também trabalham para identificar, localizar e responsabilizar os demais agressores, que, segundo integrantes do MST, seriam cerca de 10.
Assentamento existe desde 2005
O assentamento Olga Benário, alvo do ataque na noite da última sexta-feira, existe desde 2005 e abriga 46 famílias, totalizando cerca de 200 moradores. Localizado próximo à rodovia Pedro Celete, o espaço é utilizado pelos assentados para cultivo de hortas e criação de animais, como galinhas-d'angola. Apesar da proximidade com a área urbana, as vias internas do assentamento são de terra e de difícil acesso.
Moradores ouvidos reservadamente pelo Estadão relatam que as ameaças contra o assentamento vêm ocorrendo há pelo menos dois anos. Boletins de ocorrência já foram registrados e serão encaminhados à Polícia Federal, que atuará em conjunto com a Polícia Civil de São Paulo nas investigações.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o ataque tenha sido motivado por um desentendimento envolvendo a negociação de um lote dentro do assentamento. Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, a ação foi uma tentativa de invadir e tomar um lote de reforma agrária com 70 mil metros quadrados, visando seu parcelamento e posterior especulação imobiliária.