Tarcísio diz que não vê elementos para responsabilizar Bolsonaro por tentativa de golpe
Governador de São Paulo citou gratidão e lealdade pelo ex-presidente, disse que tudo será esclarecido e reforçou presença em ato no próximo dia 25
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), defendeu nesta quinta-feira, 15, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de investigação da Polícia Federal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil antes e após a eleição de 2022. O governador, que foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e se candidatou com o apoio dele, afirmou manter uma relação fraterna com o ex-chefe do Executivo federal e ter gratidão pelo antigo chefe.
Tarcísio acrescentou que estará ao lado de Bolsonaro nos momentos bons e nos difíceis e que participará do ato em apoio ao ex-presidente no dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista. Ao ser questionado sobre a investigação da Polícia Federal, que também apura a criação de uma "Abin paralela", o governador paulista disse que ainda há "muita coisa para rolar debaixo da ponte" e avaliou que não há elementos para responsabilizar o ex-presidente.
"Sinceramente, eu não consigo ver — e essa não é uma opinião minha, tem muitos juristas divididos — nada que traga uma responsabilização para ele. Acho que o pessoal está criando muita coisa", declarou Tarcísio, acrescentando: "Com o tempo, tudo vai ser esclarecido".
Bolsonaristas têm cobrado que políticos eleitos com o apoio de Bolsonaro saiam em defesa dele neste momento. Enquano Tarcísio já fez o movimento publicamente, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB-SP), que tem o apoio do ex-presidente para se reeleger em outubro, ainda não se manifestou em defesa de Bolsonaro e nem se estará presente no ato na Paulista.
Relatório da Polícia Federal apontou que Bolsonaro transferiu R$ 800 mil para uma conta nos EUA dias antes do término de seu mandato. Segundo a PF, objetivo do ex-presidente era conseguir se manter no exterior enquanto aguardava o desfecho da tentativa de golpe no Brasil e tomar medidas para continuar vivendo em outro país para driblar eventuais investigações.
À Coluna do Estadão, no entanto, Bolsonaro apresentou outro motivo. "Eu mandei o dinheiro acreditando na derrocada completa da poupança no Brasil", disse. O compliance do banco determinou o retorno do dinheiro ao Brasil após a busca e apreensão que confiscou o passaporte do ex-presidente na semana passada, segundo o advogado Fabio Wajngarten.
Após a operação, Bolsonaro convocou a manifestação na Avenida Paulista em uma tentativa de demonstrar força política e apoio popular. Ele pediu que seus apoiadores não levem faixas "contra quem quer que seja" e disse que será um ato pacífico "em defesa do nosso Estado Democrático de Direito". Um dos argumentos utilizados por aliados e pelo próprio ex-presidente é que ele é alvo de perseguição política.
"Olá amigos de todo Brasil, em especial em São Paulo. No último domingo de fevereiro, dia 25, as 3h da tarde, estarei na Paulista, realizando um ato pacífico em defesa do nosso estado democrático de direito. Eu peço a todos vocês que compareçam trajando verde e amarelo e, mais que isso: não compareçam com qualquer faixa e cartaz contra quem quer que seja", disse Bolsonaro no vídeo publicado em seu perfil nas redes sociais.