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Política

Telegram descumpre ordem e Alexandre de Moraes aplica multa de 1,2 mi

Na avaliação do ministro do STF, ao descumprir a decisão, o aplicativo colaborou indiretamente com "manifestações criminosas"

26 jan 2023 - 07h42
(atualizado às 08h02)
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Foto: Christian Wiediger / Unsplash

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), multou o aplicativo de mensagens Telegram em R$ 1,2 milhão por descumprir a ordem para bloquear a conta do deputado bolsonarista eleito Nikolas Ferreira (PL-MG). Moraes mandou suspender o perfil do parlamentar e de outras personalidades em uma investigação sobre atos antidemocráticos, mas o aplicativo manteve a conta ativa e pediu a reconsideração da ordem.

Na avaliação do ministro do STF, ao descumprir a decisão, o aplicativo colaborou indiretamente com "manifestações criminosas".

"O descumprimento doloso pelos provedores implicados indica, de forma objetiva, a concordância com a continuidade do cometimento dos crimes em apuração, e a negativa ao atendimento da ordem judicial, verdadeira colaboração indireta para a continuidade da atividade criminosa, por meio de mecanismo fraudulento", diz o ministro no despacho.

A decisão afirma ainda que "não há qualquer justificativa" para a plataforma ter mantido o perfil no ar. O ministro também diz que o Telegram "questiona, de forma direta, a autoridade" da ordem judicial. "Como qualquer entidade privada que exerça sua atividade econômica no território nacional, a rede social Telegram deve respeitar e cumprir, de forma efetiva, comandos diretos emitidos pelo Poder Judiciário relativos a fatos ocorridos ou com seus efeitos perenes dentro do território nacional".

'Censura'

Ao Estadão, Nikolas Ferreira disse que não teve acesso ao processo e que não sabe qual foi a motivação de Moraes. Ele afirmou ver a decisão como uma forma de censura. "É proibido falar no Brasil", disse. "Discordo da posição do ministro, concordo com a posição do Telegram de que isso é uma censura", afirmou.

O parlamentar também classificou a multa imposta por Moraes ao Telegram como "deplorável". "É multa para quem toma uma decisão diferente da dele. Realmente é um estado de exceção que a gente está vivendo", afirmou. "Um parlamentar, com a votação expressiva que eu tive, não pode se comunicar por meio das redes", disse.

Em 2022, Nikolas Ferreira foi o candidato a deputado eleito com a maior quantidade de votos do País - 1,47 milhão. É o terceiro deputado mais votado da história da Câmara.

'Desproporcional'

O Telegram chamou a decisão de "desproporcional" e, ao pedir a reconsideração da ordem de suspensão da conta do parlamentar eleito, sugeriu que o ministro enviasse as publicações supostamente criminosas para que fossem pontualmente bloqueadas.

Não é a primeira vez que a plataforma entra na mira da Suprema Corte. No ano passado, após ignorar sucessivas citações judiciais, o Telegram chegou a ficar sob ameaça de perder o direito de operar no Brasil, porque não tinha um representante legal no País e por não colaborar com as medidas de combate à desinformação na eleição.

Procurado, o advogado Alan Campos Elias Thomaz, sócio do escritório que defende o Telegram no Brasil, afirmou que não comenta processos envolvendo clientes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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