Temer revoga decreto que convocou Forças Armadas no DF
Sob pressão, o presidente Michel Temer revogou nesta quinta-feira (25) o decreto que previa o uso de militares para proteger a Esplanada dos Ministérios, que na véspera havia sido alvo de depredação por parte de manifestantes.
A decisão foi publicada em Diário Oficial. O texto justifica que a revogação se deu "considerando a cessação dos atos de violência e o consequente restabelecimento da lei e da ordem no Distrito Federal. A medida tem aplicação imediata.
A convocação das Forças Armadas pelo presidente foi criticada por parlamentares da oposição, que acusam o governo de colocar em risco a democracia país. Também dentro da base aliada houve desconforto com a medida.
A justificativa do governo para o uso das Forças Armadas foi de que não havia contingente disponível da Força Nacional de Segurança. A avaliação do Planalto foi de que houve falha na organização da segurança feita pelo governo do Distrito Federal, que não conseguiu conter o acesso aos ministérios.
O anúncio do decreto foi feito em meio à violência durante uma marcha contra Temer na capital federal. Depois de um início pacífico, a PM entrou em confronto com manifestantes na Esplanada dos Ministérios. Bombas de efeito moral e spray de pimenta foram usados contra um grupo que tentava furar o bloqueio da PM.
Um grupo de cerca de 50 manifestantes incendiou três ministérios: Agricultura, Fazenda e Cultura. Os incêndios foram controlados pelos bombeiros. Em meio à confusão, Temer ordenou que os prédios da Esplanada dos Ministérios fossem esvaziados.
Após o confronto na Esplanada, os manifestantes seguiram para a rodoviária, onde usuários do transporte coletivo foram atingidos por bombas de efeito moral e spray de pimenta lançados por policiais. Houve 49 feridos e oito detidos ao longo do dia em Brasília.
Chamado de Ocupa Brasília, o protesto foi convocado por centrais sindicais e pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que organizaram os atos contra o impeachment de Dilma Rousseff.
Segurando cartazes com a inscrição "Fora Temer", os manifestantes se posicionaram não apenas a favor da destituição do presidente e de eleições diretas, mas também contra as reformas trabalhista e previdenciária em tramitação.