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Política

'Temos no nosso DNA as reformas que precisam ser feitas no País', diz Moro

22 fev 2022 - 12h23
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O pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro (Podemos), que já declarou sua vontade de realizar ao menos três reformas caso vença as eleições deste ano, voltou a se apresentar nesta terça como um candidato reformista. "Não quero revogar reformas e nem abandonar reformas. Temos no nosso DNA as reformas que precisam ser feitas para modernizar o País", disse.

A declaração foi dada durante o CEO Conference 2022 do BTG Pactual, realizado nesta terça-feira (22). Na lista de reformas almejadas pelo pré-candidato estão a tributária, administrativa e o que chama de "pacote ético", no qual defende pautas como o fim da reeleição. Segundo ele, as pautas foram abandonadas não por culpa do Supremo Tribunal Federal ou Congresso, mas sim de "lideranças não reformistas".

Na temática tributária, Moro defende, já para 2023, a unificação dos taxas e impostos sobre consumo, sendo mais simpático a proposta de IVA federal. "Prefiro a simplicidade em relação a esse tema", explicou, reforçando a necessidade de garantir segurança jurídica e previsibilidade para promover crescimento econômico sustentável. Em relação à proposta de taxação sobre grandes fortunas, o pré-candidato afirmou que é preciso analisar se esse tributo aprofundará a evasão fiscal.

Questionado sobre proposta administrativa, Moro avalia que o principal objetivo do projeto é alcançar serviço público de qualidade, desenvolvendo um regime de treinamento, incentivo e capacitação para garantir o bom desempenho dos servidores. De acordo com ele, deve haver também uma forma de "expelir" os servidores que não respondem a esses estímulos. "O foco nunca é demitir, mas incentivar para ter um serviço público de qualidade", explicou.

Sobre a reforma administrativa discutida atualmente no Congresso, o ex-juiz classifica como "ruim" e como maneira "de fingir que está fazendo reforma". Em relação ao "pacote ético", Moro defende duas propostas: fim da reeleição para presidente da República, já para o próximo mandato, a partir de 2023, e o fim do foro privilegiado para todos os políticos. "Boa parte da nossa incapacidade de crescer, de ter crescimento sustentável e inclusivo é o fato de que construímos um sistema de privilégios", disse.

Moro também reafirmou ser favorável a privatização de tudo que for possível. "Eu confio mais no setor privado. Acho que crescimento, inovação e criatividade vêm do setor privado, mas o Estado tem um papel regulador importante", ponderou. Segundo ele, o Estado deve assegurar ambiente de negócios saudável e competição leal.

Guedes

Com seu projeto econômico comparado ao do atual ministro da Economia, Paulo Guedes, Sérgio Moro, evitou críticas ao atual chefe da Economia de Jair Bolsonaro, mas destacou que a agenda de Guedes é uma e "a do presidente é outra completamente diferente".

"Tenho apreço pessoal pelo Guedes, ele é um liberal, mas é um liberal que está em um governo iliberal, em vários aspectos. Então, não tem como funcionar", disse Moro, no evento do BTG Pactual. "Não tem como funcionar. É a mesma situação que eu estava dentro do governo", destacou Moro, que tenta se apresentar como um candidato liberal e reformista.

Moro atuou como ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro por pouco mais de um ano, entre janeiro de 2019 e abril de 2020. O ex-ministro não tem escondido sua insatisfação do tempo que comandou a pasta, onde alega não ter encontrado apoio do governo para avançar em pautas que julgava importantes.

Terceira via

O pré-candidato à Presidência pelo Podemos também afirmou que é essencial a união da chamada "terceira via", especialmente de candidatos pró-reformas, para enfrentar extremos. Como exemplo, o ex-juiz citou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo Moro, esse grupo já deveria estar unido e é "ilusão achar que temos todo o tempo do mundo".

"A gente precisa se unir, acho que isso é urgente, eu faria isso de bom grado", disse, ressaltando, no entanto, que ele se posiciona em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto à disputa ao Planalto e "não faz sentido abdicar da pré-candidatura se ela tem o maior potencial para vencer extremos", completou.

Logo após o ex-ministro, foi a vez de Doria discursar no evento. Sobre a declaração do Moro, o pré-candidato paulista também defendeu uma aliança dos candidatos da terceira via: "Estamos na mesma linha, no mesmo objetivo, no mesmo campo", disse o governador.

Estadão
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