Tentativa de invasão, veículos incendiados: entenda o ataque de bolsonaristas no DF
Grupo incendiou veículos e tentou invadir a sede da PF em Brasília após prisão de indígena
A noite de segunda-feira, 12, foi marcada por cenas de violência e depredação por parte de manifestantes bolsonaristas. O grupo incendiou veículos e tentou invadir a sede da Polícia Federal (PF) em Brasília, após a prisão de um líder indígena apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Militantes vestido de verde e amarelo agiram em diversas localidades da capital federal, como em shoppings, postos de combustível e também próximo ao hotel onde o presidente e o vice-presidente diplomados, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), estão hospedados.
Segundo informações do Estadão, pelo menos dois ônibus - um deles no Eixo Monumental, a principal via pública da capital federal - e vários carros foram incendiados.
Apoiadores de Bolsonaro tentaram invadir prédio da PF. No Setor Hoteleiro Norte, em Brasília, ruas interditadas, shoppings fechados. Manifestantes atearam fogo em carros e PM responde com bombas de efeito moral e gás de pimenta pic.twitter.com/F00DqhpWyw
— Anna Carolina Papp (@annacarolpapp) December 13, 2022
Clientes e funcionários de estabelecimentos comerciais ficaram sitiados, enquanto a polícia dispersava os apoiadores com bomba de efeito moral e spray pimenta.
Setor hoteleiro Norte de Brasília com ruas interditadas. Barulho de tiro e fumaça de gás de pimenta. PM na rua com grupos de bolsonaristas espalhados e gritando contra a ação da polícia. Tocaram fogo em um carro de uma pessoa que estava fazendo compras num shopping. pic.twitter.com/o9RLu4iBTy
— Francisco Leali (@fleali) December 13, 2022
Em um dos pontos, bolsonaristas colocaram botijões de gás próximos a um carro em chamas.
Atenção. Bolsonaristas espalharam botijões de gás próximos a carro em chamas em Brasília. Na foto que fiz abaixo é possível contar 6 botijões. Imaginem o estrago. 👇🏽 pic.twitter.com/SKAAq9Q6pU
— Felipe Frazão (@felipefrazao_) December 13, 2022
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal afirmou que as forças de segurança reforçaram a atuação, em toda área central da capital, para controle de distúrbios civis, do trânsito e de eventuais incêndios.
Por que bolsonaristas atacaram
O mandado de prisão temporária do líder indígena José Acácio Serere Xavante foi o estopim para a onda de violência. A ordem foi decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), por indícios de crimes e manifestações antidemocráticas.
Segundo a Suprema Corte, Serere Xavante se utiliza da posição de cacique para arregimentar aliados com o objetivo de cometer crimes. Ainda nas palavras do STF: "mediante ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito e de ministros do STF".
O STF afirma que a prisão se fundamentouna necessidade de "garantia da ordem pública", diante da suposta prática dos crimes de "ameaça", "perseguição" e "abolição violenta do Estado democrático de direito".
#NotíciaSTF O ministro Alexandre de Moraes acolheu pedido da PGR e decretou a prisão temporária, pelo prazo de 10 dias, do indígena José Acácio Serere Xavante, por indícios da prática de crimes em atos antidemocráticos. (1/3)
— STF (@STF_oficial) December 13, 2022
Diplomação de Lula
As manifestações antidemocráticas ocorreram horas após a diplomação de Lula e Alckmin no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na tarde de segunda-feira, 12.
Para proteger o presidente e vice-presidente diplomados, a Polícia Federal e a Tropa de Choque da Polícia Militar cercaram o hotel onde tanto Lula quanto Alckmin estão hospedados na capital federal. Na hora do tumulto, Lula postou no Twitter um trecho de seu discurso na diplomação.
Para quem passou o que eu passei nesses últimos anos, estar aqui é a prova que Deus existe e da sabedoria do povo. Muito obrigado por me elegerem mais uma vez presidente do Brasil.
🎥: @ricardostuckert pic.twitter.com/b9eQ5jR2pM
— Lula (@LulaOficial) December 13, 2022
"A ordem é prender"
Em reação aos atos da noite, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que determinou às forças de segurança que prendessem todos os bolsonaristas que estão fazendo depredações e outros atos de vandalismo. "A ordem é prender", afirmou o governador ao Estadão.
Outras autoridades também repercutiram as cenas de violência. O atual ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou que "tudo será apurado e esclarecido".
Nada justifica as cenas lamentáveis que vimos no centro de Brasília. A Capital Federal tradicionalmente é palco de manifestações pacíficas e ordeiras. E seguirá sendo!
Agradeço o empenho da @secsegurancadf e do @Gov_DF , por todo apoio à @policiafederal . Tudo será apurado.
— Anderson Torres (@andersongtorres) December 13, 2022
Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou de "absurdos" os atos de "vandalismo", que, de acordo com ele, foram "feitos por uma minoria raivosa".
"As forças públicas de segurança devem agir para reprimir a violência injustificada com intuito de restabelecer a ordem e a tranquilidade de que todos nós precisamos para levar o país adiante", escreveu.
Absurdos os atos de vandalismo registrados nesta noite, em Brasília, feitos por uma minoria raivosa. A depredação de bens públicos e privados, assim como o bloqueio de vias, só servem para acirrar o cenário de intolerância que impregnou parte da campanha eleitoral que se encerrou
— Rodrigo Pacheco (@rodrigopacheco) December 13, 2022
* Com informações do Estadão Conteúdo