Três pontos que Mauro Cid terá de esclarecer em depoimento à PF nesta segunda-feira
Desenrolar das investigações mostrou lacunas nos depoimentos do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Advogado diz que ele responderá sobre tudo e que crê em depoimento tranquilo
Em setembro do ano passado, o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), saiu da prisão após fechar acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF). O depoimento dele serviu de base para a operação Tempus Veritatis, deflagrada pela corporação em fevereiro deste ano. Mas, nas últimas semanas, as investigações trouxeram novos detalhes que precisam ser abordados pelo delator, caso ele queira manter o acordo que o permitiu ficar em liberdade. Três principais pontos podem ser questionados pela PF nesta segunda-feira, 11, quando ele presta novo depoimento.
Segundo investigadores da PF ouvidos sob anonimato pela CNN Brasil, Mauro Cid pode inclusive ser preso preventivamente caso não colabore com as investigações durante o depoimento desta segunda-feira. O advogado dele, Cezar Bittencourt, afirmou que acredita num depoimento "tranquilo", e que seu cliente responderá a tudo que for perguntado. "O delegado que conduz o caso é quem sabe as perguntas que vai fazer. De minha parte, o que posso garantir é que tudo o que o Cid souber, tudo o que ele tiver conhecimento, o que conseguir explicar, ele vai fazer. Ele vai falar", disse Bittencourt ao portal G1.
O segundo ponto que Mauro Cid poderá ter de explicar aos policiais é a reunião ministerial de julho de 2022, na qual Bolsonaro antevê a possibilidade de ser derrotado nas eleições daquele ano e pede a seus ministros que acionem o "plano B". No encontro no Palácio do Planalto, Bolsonaro diz ao grupo que não pode "deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintando". "Vocês estão vendo agora que... eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes", diz ele, insinuando a possibilidade de fraude nas eleições daquele ano.O vídeo da reunião foi encontrado pela Polícia Federal a partir do computador de Mauro Cid, em um serviço de armazenamento na nuvem. No entanto, a defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse que ele nem sequer sabia da existência do encontro, e não estava presente. "Ele não teve comando da transmissão, não estava presente na reunião, essa informação não compete ao Cid. Por que ele não estava? Não perguntei, não interessa. Era uma reunião do presidente com quem ele quis convidar", disse Cezar Bittencourt no dia 9 de fevereiro, em entrevista à GloboNews. Segundo a CNN Brasil, esse é um dos pontos de interesse dos investigadores no novo depoimento de Cid.
Finalmente, Cid também poderá ser chamado a explicar uma suposta "contrariedade" com a interpretação que a Polícia Federal vem fazendo dos seus depoimentos. Segundo a revista Veja, Cid tem dito a interlocutores próximos que seus depoimentos nunca implicaram Bolsonaro numa tentativa de golpe de Estado. De acordo com a revista, o delator insiste na tese de que tudo o que houve foram especulações sobre que ações tomar caso ficasse comprovada a fraude nas eleições de 2022, e que como a "fraude" nunca foi comprovada, nada foi feito.