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Política

Tribo entra em contato após 18 anos de isolamento na Amazonia

22 set 2014 - 21h56
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Uma família de índios Korubo, uma das poucas etnias que vive totalmente isolada na Amazônia brasileira, entrou em contato há duas semanas com membros de outro povo indígena e foi transferida a uma base da Fundação Nacional do Índio (Funai), informaram nesta segunda-feira fontes oficiais.

Trata-se do primeiro contato de um grupo de Korubo com não índios nos últimos 18 anos, informou a Funai em comunicado.

A família, composta por um homem, uma mulher e quatro menores de idade, entrou em contato inicialmente com índios da etnia Canamari que os conduziu até uma de suas aldeias.

O contato do grupo isolado aconteceu em 9 de setembro na Terra Indígena do Vale do Javari, uma reserva no estado do Amazonas próxima às fronteiras com o Peru e Colômbia na qual, segundo a Funai, habita "a maior quantidade conhecida de povos indígenas isolados do mundo".

No dia seguinte, os índios foram atendidos na aldeia dos Canamaris por médicos da Funai, que adotaram medidas preventivas para evitar o contágio com doenças contra as que não têm defesa, como a gripe.

Após as medidas de proteção epidemiológica e do início de um plano de contingência que a Funai tem para este tipo de contatos com grupos isolados, os Korubo foram transferidos à Base de Proteção Etnoambiental Ituí-Itaquaí, um acampamento da Funai no vale do rio Javari.

Os antropólogos da Funai estabeleceram na base "um diálogo com os índios recém-contatados para garantir sua autonomia e autodeterminação, com o objetivo de mantê-los no isolamento epidemiológico", segundo o comunicado do organismo do Estado para a proteção dos índios.

A última vez que um grupo de Korubo entrou em contato com não índios foi no final de 1996, quando a Funai estabeleceu medidas na região para protegê-los de ataques de madeireiros, mineiros, caçadores, narcotraficantes e colonos que tinham provocado várias mortes de membros da etnia isolada.

Os 16 índios da tribo Korubo que entraram então em contato se estabeleceram em uma região do rio Ituí, também no vale do Javari, onde atualmente somam um grupo de 33 pessoas que é regularmente visitado.

"Mas ainda há outros grupos Korubo que permanecem em situação de isolamento e que são controlados (de longe) pela Funai", segundo a Fundação.

Quando foi criada, em 1998, a Terra Indígena do Vale do Javari estava destinada a garantir a sobrevivência de pelo menos 12 etnias, seis das quais nunca tinham sido contatadas.

Além da política brasileira de deixar isoladas as etnias desconhecidas, uma das razões para evitar seu contato é a possível resistência desses índios à presença de estranhos.

Os Korubo, particularmente, são conhecidos por outros índios da região como os "caceteiros".

Em janeiro, a produtora espanhola New Atlantis lançou o documentário "Korubo: morrer matando", a primeira produção em vídeo sobre este temido povo, com imagens de membros do grupo contatado em 1996.

O novo contato com a família Korubo aconteceu cerca de dois meses depois que outro grupo de uma etnia isolada entrou em contato com índios Ashaninkas e com antropólogos da Funai em um rio no estado do Acre próximo à fronteira com o Peru.

Os antropólogos da Funai asseguram que ainda não estão claros os motivos pelos quais esta tribo decidiu entrar em contato com os Ashaninkas, mas acham que pode ser devido à pressão exercida pelos madeireiros peruanos.

EFE   
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