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Política

'Um candidato à Presidência em 2026 vai precisar ter um discurso na área da segurança pública'

Governador Eduardo Leite (PSDB) afirma que preocupação da população com a segurança no Brasil é nítida e cabe aos agentes públicos adotarem políticas efetivas no combate ao crime organizado

17 mar 2025 - 14h47
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O dia 13 de março foi movimentado para Eduardo Leite. Pela manhã, o governador do Rio Grande do Sul participou de um evento promovido pelo Todos pela Educação em São Paulo. Discutiu um pouco sobre o futuro de seu partido, o PSDB, e depois voou para Porto Alegre, onde participou de uma reunião de duas horas com a cúpula da segurança pública do Estado e especialistas em segurança para apresentar os resultados do programa RS Seguro. O dia terminou em festa. E, pouco antes de receber o diretor de um instituto de pesquisa, o ainda tucano tocou pandeiro com um rapper e seu grupo musical no palco montado no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. O motivo da comemoração: a redução da criminalidade do Estado podem colocar Leite de novo como pré-candidato à presidência da República.

Abaixo a entrevista dele concedida ao Estadão:

O senhor disse que se o PSDB demorasse muito para definir o futuro da legenda, 'as pessoas poderiam ter saídas individuais'. Essa é uma referência sobre o que o senhor deve fazer, já que a governadora de Pernambuco se definiu pelo PSD?

Estou há mais tempo no PSDB do que fora dele, na minha vida. É um partido que deu uma grande colaboração ao Brasil, governando e, quando foi oposição, protagonizando a oposição, também de uma forma qualificada, oferecendo caminhos alternativos ao País. É inegável que o partido passa por um momento difícil por vários motivos: do nosso sistema eleitoral, das regras do jogo, seja a questão da cláusula de barreira, seja pelo financiamento eleitoral, bem como pelo desenho do sistema eleitoral brasileiro, o que estreitou muito o caminho para o PSDB novamente protagonizar uma alternativa ao País.

E aí, várias figuras do partido começaram a ter conversas individualmente sobre os seus próprios rumos, porque todos os que estão no PSDB desejam contribuir por meio do partido, mas, se o PSDB tem um caminho estreito, eles procuram outras alternativas. Isso foi percebido pelo presidente Marconi Perillo. Ele abriu uma conversa dentro do partido sobre fazer um movimento em conjunto, em grupo: encaminhar para uma fusão ou uma nova federação, enfim, ou até uma incorporação a algum partido, desde que levasse também as bandeiras e as causas que o PSDB se debruça.

Tudo isso começou a ser discutido. No momento em que se abriu essa discussão no partido, eu procuro acompanhá-las dentro do PSDB. Acho que a gente tem uma jornada ainda para cumprir dentro desse caminho.

O caminho do senhor não vai ser individual?

Não pretendo fazer um caminho individual. Pretendo fazer com o partido. Mas o partido é complexo; existem lideranças em vários locais, disputas regionais. Não está ainda certo qual vai ser o entendimento. Mas eu não vou trabalhar, nem gerar especulação sobre o meu caminho individualmente antes de procurar o caminho do grupo, do conjunto, do partido, ao qual eu quero colaborar para que ele possa manter-se dando contribuição à política nacional.

Acho que é muito importante que o PSDB - seja numa fusão ou numa federação - esteja presente no debate da política nacional, porque ele já deu muita contribuição e tem muito a contribuir ainda para o Brasil. Acredito nisso e vou colaborar nessas discussões. Só após um entendimento sobre os rumos que serão tomados pelo partido é que eu vou identificar se o rumo que o grupo encaminhou é o que melhor atende àquilo que vejo como caminho para contribuir na política.

Muitos identificam como inspiração do programa RS Seguro o Pacto Pela Vida, do falecido governador Eduardo Campos, em Pernambuco, e o trabalho na área feito por Renato Casagrande, no Espírito Santo. Eles seriam, de fato, inspirações de seu programa?

Não foram. Respeito, mas não. Não os conheci profundamente para serem a inspiração do nosso modelo. Da minha parte, o que melhor observei foi o próprio sistema nova-iorquino. Tive a oportunidade de participar inclusive de reuniões de governança do Condado de Staten Island, Nova York, quando estive por lá. Quando começamos o governo, identificamos isso: preciso ter os dados, o foco territorial e um sistema de governança para acompanhar isso e empurrar na direção correta.

Vários dos estudiosos da segurança pública do País dizem que outras iniciativas, como a do senhor, foram feitas em Estados, mas depois foram abandonadas. O que pretende fazer para que o programa RS Seguro não tenha o mesmo destino?

A deputada Delegada Nadine já tomou a iniciativa de protocolar um projeto na Assembleia Legislativa, e ela tem legitimidade para isso, uma vez que trabalha e trabalhou conosco, como chefe da Polícia Civil. E nós vamos definir nos próximos dias se vamos enviar um novo projeto que venha substituir esse ou se vamos utilizar o projeto dela, fazer alguns ajustes que sejam necessários e utilizá-lo como canal para aprovar essa legislação.

O importante para nós é que se consolide como uma política de Estado e não apenas de governo. Ao fazer a lei, a expectativa é que haja um impulso para a continuidade do programa, a despeito de qualquer alteração de governo que venha acontecer. Nós temos eleições no ano que vem, a sociedade gaúcha com toda a legitimidade vai escolher um novo governador ou uma nova governadora e o que nós desejamos é que a prática bem sucedida não comece do zero.

Todo governo tem a legitimidade para inflexionar a política pública para lá ou para cá, mas a gente precisa buscar condições de romper com esse eterno recomeço de políticas públicas quando se trocam governos. E, especialmente, nós, que temos a condição de ser o primeiro governo reeleito. O Rio Grande do Sul sofreu muito com as constantes trocas de governos. A lei sozinha não garante, mas ela ajuda a criar um ambiente para que o novo governo seja chamado pela própria sociedade, pela Assembleia, para manter algo que está dando certo.

De certa forma, o programa se tornou uma vitrine para o senhor? Como pretende tratar disso na sua trajetória política daqui para frente?

Acho que o tema da segurança pública, indicam as próprias pesquisas, é muito importante. Aqui está justamente o líder de uma empresa que tem se destacado nas pesquisas, que é o Andrei (Roman, da Atlas/Intel, que aguardava o fim da entrevista para conversar com o governador), e tem estudos sobre a percepção das pessoas a respeito da segurança pública. É nítida a preocupação das pessoas com a segurança no Brasil.

E, quando eu olho para o debate nacional, por exemplo, daquilo que o governo federal deveria liderar, eu vejo pouca efetividade. A discussão que mais lideram é a do controle das polícias, que naturalmente até precisa ser acompanhada e feita, porque a polícia age em nome do Estado e ela não pode, naturalmente, percorrer um caminho de violência em relação à população. Isso exige controles, procedimentos que devem ser padronizados e acompanhados.

Mas o problema é não que eu não enxergo o mesmo ímpeto no enfrentamento aos criminosos. Quer dizer, muita força e energia dedicadas a controlar as polícias, pouca ou nenhuma para o enfrentamento ao crime propriamente dito. Entendo que nós precisamos no Brasil debater temas relacionados à própria legislação para dar respaldo para que as polícias consigam cumprir melhor seu serviço. Fico feliz com as mensagens que recebi. Elas me apontam estar num caminho correto, mas elevam a minha responsabilidade. Estamos falando de muitos estudiosos da área.

Em 2026, o senhor pode carregar isso como um trunfo, se for candidato ao Senado ou se for candidato à Presidência?

Nenhuma política pública é implementada buscando isso, a eleição. Mas diria que é o contrário. Qualquer aspiração eleitoral vai depender da efetividade, especialmente de quem ocupa cargos públicos, das políticas públicas. Um candidato à Presidência em 2026 vai precisar ter um discurso na área da segurança pública? Isso eu não tenho dúvida. Esta muito claro, não? Não só precisa ter, porque o eleitorado demanda, mas porque o Brasil precisa.

O País tem uma deficiência enorme nessa área. E, se não houver uma estratégia articulada em que o governo federal lidere esse processo, respeitando as autonomias dos Estados para a execução da política pública diretamente, mas que coordene, lidere e injete confiança para poder estar a frente desse processo, o País poderá ter grandes problemas pela frente, como a gente vê em países vizinhos no nosso continente, enfrentando muitas dificuldades.

Nos já estamos enfrentando muitas dificuldades ligadas a grupos organizados. E a percepção de insegurança é muito forte na população. O que nos faz perder talentos, perder investimentos, né? Perder muito patrimonialmente. Isso gera insegurança e compromete o desenvolvimento do País. Então, não adianta a gente falar só em ajuste fiscal, planos de desenvolvimento econômico. A gente precisa ter um olhar muito claro sobre o enfrentamento ao crime para conseguir consolidar horizonte de melhor harmonia e paz. Para que se invista, para que as pessoas queiram morar aqui, empreender aqui e gerar riqueza no nosso País.

Estadão
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