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"Constituição não precisa ser feita por eleitos", diz Mourão

O candidato a vice de Jair Bolsonaro disse que a elaboração da última Constituição, de 1988, por parlamentares eleitos, "foi um erro"

13 set 2018 - 19h22
(atualizado às 19h42)
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Em agenda de campanha em Curitiba, nesta quinta-feira, 13, o candidato à vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), General Mourão (PRTB), defendeu que o Brasil precisa de uma nova Constituição, mas elaborada por "notáveis" e aprovada em plebiscito pela população, sem a eleição de uma Assembleia Constituinte.

O candidato disse que a elaboração da última Constituição brasileira, de 1988, por parlamentares eleitos, "foi um erro", e defendeu que a nova Carta deveria ser criada por "grandes juristas e constitucionalistas". "Uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo. Já tivemos vários tipos de Constituição que vigoraram sem ter passado pelo Congresso eleitos", declarou, defendendo que esse tipo de documento, sem a participação de eleitos, já esteve em vigor em períodos democráticos do País, não apenas durante a ditadura.

General Hamilton Mourão é candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro
General Hamilton Mourão é candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro
Foto: Renato S. Cerqueira / Futura Press

Mourão acrescentou que defende pessoalmente essa opinião, que não representaria as ideias de Bolsonaro. "Teria que partir para a reforma de todas as reformas. Teríamos que ter uma nova Constituição, mas, no momento, julgo que isso é uma coisa muito difícil de a gente conseguir. Então, a regra é clara: partir do mais fácil para o mais difícil", disse.

Para o candidato, essa "nova" Constituição deveria ser mais "enxuta" que a atual, parecida com a norte-americana, contendo apenas princípios e valores gerais para reger o País. "O restante, como o horário de trabalho do bancário, o juro tabelado, essas coisas, isso (deve estar) em lei ordinária, porque muda de acordo com os valores e o tempo", defendeu.

Em relação à campanha presidencial, Mourão descartou a possibilidade de mudança do nome na cabeça de chapa depois do atentado sofrido por Bolsonaro, que continua internado. Segundo o general, o deputado federal deve estar pronto "para liderar o processo" em três semanas, mas ainda não totalmente recuperado para participar de manifestações de rua. "É ele quem as pessoas vão eleger. Ninguém vai me eleger, eu sou o apêndice", declarou.

O general admitiu ainda que houve prejuízo na campanha com a impossibilidade de Bolsonaro participar dos atos, por "perda de espaço", mas afirmou que não mudou sua agenda de campanha depois do atentado. "Quem mobiliza na rua sempre é ele, ele é o homem das massas, o grande agitador". Mourão também afirmou que está com a segurança de campanha melhor reforçada depois do atentado e usando colete a prova de balas.

Discurso

Em Curitiba, a uma plateia heterogênea de cerca de 500 pessoas, Mourão fez um discurso moderado, tratando das principais frentes de atuação de um possível governo comandado por Bolsonaro. Em um dos momentos em que mais foi aplaudido, o general criticou a política venezuelana e afirmou que o Brasil nunca será como o país vizinho porque as forças armadas brasileiras não serão "cooptadas", mas defendeu que o País acolha os venezuelanos.

Ele também citou que deve haver uma mudança de postura em relação à valorização de policiais e de políticas de segurança pública, afirmando que "direitos humanos têm que servir para humanos direitos e não para marginais". Defendeu ainda investimentos na vigília de fronteiras brasileiras, como em Foz do Iguaçu (PR).

Questionado sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas, Mourão disse que deve ser implantado o voto impresso porque há desconfiança sobre o resultado das eleições, principalmente sobre os pleitos majoritários. No entanto, ele disse que a chapa em que concorre "vai jogar o jogo que está sendo jogado" e que aceitaria, sem contestar, uma derrota nas urnas. "Quem for eleito vai ser eleito e vai pegar um abacaxi", disse.

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Estadão
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