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Política

Uso de CPF de Haddad tem ação coordenada em chats radicais do Telegram e atinge 100 mil pessoas

Pesquisadores da UFBA identificaram estratégia de ocultação de nomes no aplicativo para distribuir dados pessoais de ministro a 100 mil pessoas em 58 chats

20 jan 2025 - 15h52
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BRASÍLIA - Usuários não identificados distribuíram o número do CPF do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em ao menos 58 chats de extrema direita no Telegram entre os dias 15 e 18 de janeiro. A circulação pode ter alcançado 100 mil pessoas.

O pesquisador Leonardo Nascimento, coordenador do Laboratório de Humanidades Digitais da UFBA, núcleo que monitora desinformação e extremismo em ecossistemas digitais, identificou um comportamento coordenado no episódio. Os diversos usuários envolvidos lançaram mão de uma estratégia de esconder seus nomes enquanto compartilhavam a informação.

Na semana passada, o Ministério da Fazenda pediu que a Polícia Federal apurasse o uso do CPF de Haddad. O responsável estaria disseminando o dado pessoal do ministro em grupos de aplicativo de mensagem a partir do Estado da Bahia, sugerindo implicitamente que o CPF fosse usado como meio de identificação em compras e uso de serviços que solicitam a identificação do cliente.

A ofensiva contra Haddad vem na esteira de uma onda de desinformação contra o governo Lula, a respeito de uma suposta taxação de transferências via Pix — o que nunca ocorreu. Como mostrou o Estadão, um levantamento interno da Secretaria de Comunicação Social do governo federal indica que notícias falsas sobre esse tema alcançaram ao menos 22,5 milhões de pessoas entre 9 e 13 de janeiro — o número pode ser maior, já que o monitoramento não inclui o YouTube.

As menções ao Pix no Telegram aumentaram de patamar a partir de 4 de janeiro, no momento em que a campanha desinformativa sobre o recurso começava a ganhar tração. Entre 1º de dezembro e 3 de janeiro, o termo era citado em média 67 vezes ao dia. A partir de então, saltou para 425.

Em 15 de janeiro, data em que o governo recua e revoga a medida da Receita Federal que ampliava o monitoramento sobre transações financeiras, há o pico de menções ao Pix no Telegram: 1.682. Cai para 1.101 no dia seguinte, e consecutivamente para 255 no último domingo, 19.

O vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que ajudou a turbinar a onda desinformativa ao sugerir que o Pix pode vir a ser taxado no futuro, engrossou o caldo das publicações no Telegram. O dia 15 é também a data em que o conteúdo do parlamentar mais circulou nesses chats.

Nascimento, coordenador do grupo que monitora 1.654 canais e 550 grupos extremistas no Telegram, diz ter percebido a volta à plataforma de usuários "que estavam meio adormecidos" nos últimos dois anos.

"Percebemos um retorno à atividade de perfis, grupos e canais no Telegram que tinham ficado arrefecidos em 2023 e 2024, repetindo padrões semelhantes, em termos de distribuição de conteúdo com uso de estratégia multiplataforma, semelhante ao que ocorreu em 2022. É urgente o fortalecimento de atividades científicas de monitoramento de rede sociais como forma de entendermos o que nos espera em 2026", afirma ele.

Procurado, o Ministério da Fazenda afirmou que não vai se manifestar.

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Estadão
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