USP enfrenta denúncias de abuso sexual e racismo
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) enfrenta pelo menos duas denúncias de abuso sexual e racismo, enquanto a promotoria regional investiga oito casos de alegações de violência desde 2011.
Um porta-voz do curso de Medicina da maior instituição de educação pública do país disse à AFP nesta segunda-feira que "existem denúncias oficiais feitas à direção da faculdade, uma de racismo e outra de abuso sexual" que estão sendo investigadas.
Esta última denúncia foi formulada por uma jovem que relatou ter sido assediada por dois estudantes durante uma festa de seu curso em 2013.
"Sabemos, no entanto, que outros alunos comunicaram novos casos de abusos e racismo, ainda que, oficialmente, sejam apenas duas denúncias", informou o assessor de imprensa da instituição.
A promotoria de São Paulo abriu uma investigação sobre "condutas opressivas" dentro da faculdade, entre elas oito casos de violência a estudantes mulheres desde 2011.
Esta ação também incluirá acusações de racismo e homofobia contra estudantes do curso.
Na semana passada, três estudantes que afirmaram ser vítimas de assédio em festas organizadas por alunos do curso relataram os abusos diante de uma comissão da Câmara Legislativa de São Paulo.
Segundo uma nota oficial da Câmara, as estudantes "contaram sobre as agressões sofridas em eventos promovidos por uma associação da Faculdade de Medicina da USP e sobre a pressão que sofreram para que não fizessem denúncias, com o intuito de 'não manchar a imagem da instituição'".
Em nota enviada à AFP nesta segunda-feira, a faculdade informou que vai criar um centro de atenção a alunos que tenham sofrido abusos.
O Centro de Defesa aos Direitos Humanos será criado até o fim do ano e contará com uma defensoria, assistência jurídica e psicológica e funcionários de saúde "para apoiar os alunos que tenham se sentido vítimas de qualquer tipo de violência".