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Política

Veja como foi o passo a passo da investigação da PF sobre o caso das joias, que indiciou Bolsonaro

A partir de uma série de reportagens feitas pelo 'Estadão', a Polícia Federal desvendou um esquema de venda ilegal de objetos de luxo da Presidência no exterior, comandada pelo ex-presidente e seus auxiliares

4 jul 2024 - 17h45
(atualizado às 18h07)
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BRASÍLIA - Um par de brincos de diamantes, um relógio de luxo e um colar de ouro. As preciosidades estavam na mochila de um assessor do Ministério de Minas e Energia, que então era comandado por Bento Albuquerque. Era outubro de 2021. Dadas de presente a ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo regime ditatorial da Arábia Saudita, as joias quase entraram de maneira irregular no País. O esquema acabou caindo na fiscalização da Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, e foi revelado pelo Estadão em março de 2023. Nesta quinta-feira, 4, Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal por envolvimento no caso.

3 de março de 2023 - 'Estadão' revela primeiro pacote de joias que aliados de Bolsonaro tentaram trazer ao Brasil

No dia 3 de março de 2023, o Estadão mostrou que membros do governo Bolsonaro tentaram trazer ilegalmente para o Brasil, em outubro de 2021, um kit entregue pelo governo saudita que continha joias com colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes. O pacote estava na posse de um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e foi apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O Fisco reteve as joias porque é obrigatório que sejam declarados todos os itens cujo valor seja superior a US$ 1 mil. O ministro e o assessor ignoraram a opção de declarar joias como bens destinados ao patrimônio da União. Ao saber que o pacote havia sido apreendido, o ministro retornou à alfândega para tentar usar o cargo para liberar os diamantes.

O Estadão revelou que as tentativas também foram feitas pessoalmente pelo ex-presidente oito vezes, com até mesmo uma pressão na Receita e uma cartada de que as peças seriam para o acervo pessoal de Bolsonaro.

7 de março de 2023 - Segundo pacote de joias é revelado e foi recebido por Michelle

Quatro dias depois, em 7 de março, a reportagem mostrou que havia um segundo pacote de joias no "acervo privado" do ex-presidente. O estojo, que também vinha da Arábia Saudita, era constituído por um relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gold, anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) rose gold, todos da marca suíça Chopard.

Depois de ter afirmado reiteradamente que não tinha conhecimento de nenhum conjunto de joias enviado pelo regime da Arábia Saudita, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro admitiu que recebeu, no Palácio da Alvorada, este pacote.

24 de março de 2023 - Bolsonaro devolve segundo pacote para a Caixa Econômica Federal

No dia 24 de março, 17 dias após o Estadão revelar que Bolsonaro estava com o segundo pacote de joias, a defesa do ex-presidente entregou o kit para a Caixa Econômica Federal, após uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).

27 de março de 2023 - Terceiro kit, que foi levado por Bolsonaro aos EUA, vem à tona

Três dias depois do ex-presidente entregar o segundo pacote, o Estadão trouxe à tona a existência de um terceiro kit saudita que a equipe de Bolsonaro não havia declarado ao Fisco. O conjunto tinha um relógio da marca Rolex, de ouro branco e cravejado de diamantes, e foi levado pelo ex-presidente aos Estados Unidos no final do mandato.

A reportagem apurou também que, diferentemente das outras duas caixas enviadas a Bolsonaro, o relógio foi entregue nas mãos do ex-presidente quando ele esteve com a comitiva em viagem oficial em Doha, no Catar, e em Riade, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019.

4 de abril de 2023 - Bolsonaro devolve terceiro kit para a Caixa Econômica Federal

A devolução das joias foi informada pelo ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) e atual assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, em sua conta oficial no X (antigo Twitter). "A entrega reitera o compromisso da defesa do presidente Bolsonaro de devolver todos os presentes que o TCU solicitar, cumprindo a orientação do ex-mandatário do país, que sempre respeitou a legislação em vigor sobre o assunto", escreveu Wajngarten.

5 de abril de 2023 - Bolsonaro presta primeiro depoimento à PF

No primeiro depoimento prestado à PF sobre o tema, Bolsonaro disse que soube das joias vindas da Arábia Saudita apenas em 2022, um ano depois da apreensão do estojo pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. O ex-presidente também declarou que só houve intervenção de seus auxiliares para que fosse evitado um suposto "vexame diplomático" do Brasil com o regime saudita.

As novas provas colocaram o depoimento do advogado em contradição. Inicialmente, ele disse que recomprou o artigo de luxo por livre e espontânea vontade. Posteriormente, Wassef admitiu que foi aos Estados Unidos para recuperar o relógio e que usou dinheiro vivo na transação.

13 de abril de 2024 - Agentes da PF vão para os Estados Unidos investigar comercialização no País

Em abril deste ano, a PF decidiu enviar um grupo de agentes para os Estados Unidos para investigar "in loco" a comercialização ilegal das joias. A viagem foi a etapa final para a conclusão das investigações.

26 de abril de 2024 - Cid é chamado para detalhar como foi a venda das joias nos Estados Unidos

No final de abril, Mauro Cid, que homologou uma delação premiada com a PF em setembro do ano passado, foi ouvido pela PF para dar mais detalhes sobre como funcionou o esquema ilegal no território norte-americano.

11 de junho de 2024 - PF anuncia que descobriu nova joia que aliados de Bolsonaro tentaram vender nos EUA

No dia 11 de junho, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, anunciou que a corporação encontrou uma nova joia que emissários do ex-presidente tentaram vender nos Estados Unidos. A descoberta foi possível após o envio de investigadores para o território americano.

18 de junho de 2024 - Mauro Cid e o pai são ouvidos para explicar nova joia

Mauro César Cid e o general Mauro Lourena Cid foram ouvidos pela PF no último dia 18 de junho. Na oitiva, eles foram questionados sobre a origem da nova joia que os aliados do ex-presidente tentaram vender nos Estados Unidos.

Estadão
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