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Política

Vélez fica no cargo, mas não pode nomear mais ninguém

Ministro da Educação é desautorizado a escolher integrantes para sua equipe; Planalto já avalia substituto para a pasta

23 mar 2019 - 05h11
(atualizado às 10h49)
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BRASÍLIA - O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, foi desautorizado a nomear integrantes da sua própria equipe. A ordem partiu do Palácio do Planalto, depois de o professor colombiano divulgar dois nomes para a secretaria executiva da pasta, em seguida vetados pelo presidente Jair Bolsonaro.

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (e) conversa reservadamente com Ricardo Velez Rodrigues, ministro da Educação, durante entrevista exclusiva no Planalto em Brasília (DF)
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (e) conversa reservadamente com Ricardo Velez Rodrigues, ministro da Educação, durante entrevista exclusiva no Planalto em Brasília (DF)
Foto: Dida Sampaio / Estadão

Desgastado, Vélez tenta se manter no cargo, mas é intensa a movimentação para que um substituto seja encontrado. Enquanto avalia a situação, Bolsonaro decidiu assumir a condução para o desfecho da crise do MEC.

Um exemplo da falta de respaldo de Vélez foi a tentativa frustrada de nomear a pastora Iolene Lima como secretária executiva. Ela foi desconvidada para o posto nesta sexta-feira, 22, após sua indicação ter sido vinculada à primeira-dama, Michelle Bolsonaro. As duas frequentam a mesma igreja.

Antes da viagem para os Estados Unidos, Bolsonaro teve uma conversa dura com Vélez e informou que, por enquanto, ele permaneceria à frente da pasta. Desde que as primeiras polêmicas vieram à tona e que os sinais de enfraquecimento ficaram evidentes, militares iniciaram um movimento para tentar encontrar um substituto. Em outra frente, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também saiu em busca de um nome para ocupar o posto de Vélez.

No entanto, ao desembarcar dos EUA, na quarta-feira, Bolsonaro avisou que não tomará nenhuma medida de forma apressada. O presidente descartou uma estratégia proposta por Onyx, de pedir indicação ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O ministro da Casa Civil considerava que a estratégia seria importante para estreitar o apoio com senadores. Bolsonaro, no entanto, considera o momento ideal, para agradar, de uma vez só, às bancadas evangélica e católica, que já mostraram descontentamento com a falta de interlocução com o governo. Ele julgou ainda que a medida poderia fortalecer mais do que o necessário o presidente do Senado, o que tenta evitar.

Um dos nomes cotados para ocupar o posto de Vélez é o senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Ele tem o apoio das bancadas católica e evangélica, o sinal verde de Davi Alcolumbre e a simpatia da deputada Bia Kicis (PSL-DF). Relator do projeto Escola sem Partido, o senador se considera um bom nome para o posto, mas nega que esteja trabalhando pela indicação.

Stavros Xanthopoylos, consultor de educação de Bolsonaro no período da campanha, também voltou a ser cotado para substituir Vélez. Ele é tolerado pelo grupo de militares, conta com o aval do ministro da Economia, Paulo Guedes, e já trabalha pela candidatura. Xanthopoyolos chegou a ter seu nome cogitado para ocupar o MEC na transição, mas foi descartado.

Na ala militar, a carta de opções é mais extensa. Entre os nomes, um dos mais cotados é Carlos Alberto Decotelli, presidente da Fundo Nacional Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Outros cotados são o ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) Ivan Camargo e o cientista político Antonio Flávio Testa, também da UnB e participante do grupo transição.

Estratégias. O Estado apurou que há duas estratégias em curso para tentar reduzir a crise no MEC e aplacar as disputas internas dentro da pasta. Além da possibilidade de se encontrar um sucessor para Vélez, há também a alternativa de manter o ministro no cargo e colocar um nome forte como número dois da pasta. Nesse caso, Vélez teria uma atuação mais limitada.

Militares e o grupo político não descartam a possibilidade de que o segundo modelo prevaleça. Nesse sentido, iniciaram conversas para encontrar um nome em comum. Trabalham, ainda, para a possibilidade de políticos encaminharem o nome do ministro, enquanto militares, o do secretário executivo.

O presidente em exercício, Hamilton Mourão, reconheceu nesta sexta que o MEC precisa de um "freio de arrumação". "O presidente já conversou com o ministro e vai ser organizado isso nos próximos dias", disse.

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