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Política

"Vergonhoso": políticos reagem a discurso de Bolsonaro

Parlamentares e presidenciáveis criticam fala do presidente na abertura da Assembleia-Geral da ONU

21 set 2021 - 15h16
(atualizado às 15h27)
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O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia-Geral da ONU provocou reações e críticas de políticos nesta terça-feira, 21. Pouco após o término da fala, senadores da cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid criticaram as declarações do presidente durante a sessão da comissão.

Presidente Jair Bolsonaro faz discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU
Presidente Jair Bolsonaro faz discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU
Foto: Eduardo Munoz / Reuters

O relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), classificou o discurso como "vergonhoso". "O presidente mentiu do começo ao fim do seu discurso", disse. "Parece que ele estava falando de outro país que não esse velho Brasil com as contradições que todos nós vemos."

Os senadores criticaram Bolsonaro por defender o chamado "tratamento precoce", atacar governadores e prefeitos e dizer que o governo federal pagou um auxílio emergencial de US$ 800, valor equivalente a mais de R$ 4 mil em cotação de hoje.

O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), foi irônico. "Para quem acha que a CPI ia acabar em pizza, nós vimos ontem (segunda-feira, 20) o chefe da nação comendo pizza na rua. Isso é uma pizza do outro país, a nossa não dá em pizza."

Nas redes sociais, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva acusou o presidente de mentir sobre povos indígenas e sobre as políticas ambientais relacionadas à Amazônia em publicação no Twitter. "Mentiras sobre povos indígenas, cuidados à Amazônia, meio ambiente e sucessos na economia. Propôs charlatanismo no tratamento da Covid. Foi o que despejou Bolsonaro na ONU, para nossa vergonha e indignação. Até o correto uso de máscara, só o fez por força do protocolo sanitário", escreveu.

Durante o discurso de abertura do evento, feito tradicionalmente pelo presidente do Brasil, Bolsonaro divulgou dados falsos sobre meio ambiente e a Amazônia.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, apontado como pré-candidato à Presidência em 2022, sugeriu que alguns dos avanços citados pelo presidente não foram feitos de seu governo. "O sucesso do agronegócio vem de décadas antes de Bolsonaro. A vacinação está acontecendo APESAR dele. Casos de corrupção na pandemia aparecendo todos os dias. A única parte do discurso de Bolsonaro que é verdade é essa: 'A história e a ciência saberão responsabilizar a todos'", escreveu no Twitter.

O presidente insistiu na retórica de que seu governo é melhor do que o retratado na imprensa e disse, como fez em 2019, que o Brasil esteve "à beira do socialismo". Ele também atacou governadores e prefeitos por políticas de isolamento social na pandemia de covid-19.

Também pré-candidato à Presidência, Ciro Gomes fez coro às críticas nas redes sociais. "Tudo como previsto. Poucos minutos de discurso na ONU e uma carga de mentiras, mistificações, obscurantismo e hipocrisia que poderia cobrir anos e anos. Mas este tempo de vergonha tem seus dias contados. Fora Bolsonaro!", escreveu.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) afirmou que o discurso foi uma "peça de ficção". "Esqueceu da corrupção na compra das vacinas, da cobrança de propina, omitiu o desmatamento recorde e as quase 600 mil mortes da Covid-19. Voltou a defender tratamento precoce, é um negacionista cada vez mais isolado", escreveu no Twitter.

Na rede social, o presidente compartilhou um vídeo de seu discurso e afirmou que "expõe verdades que desesperam a imprensa e a esquerda".

A ONG Oxfam no Brasil emitiu uma nota também crítica ao discurso do presidente e afirmou que Bolsonaro "se mostrou, como sempre, completamente dissimulado em relação às grandes e preocupantes questões brasileiras e globais da atualidade".

"O presidente brasileiro gastou boa parte de seu malfadado discurso na ONU para vender um país que só existe nas campanhas publicitárias oficiais. Tal qual um mascate, ofereceu a investidores externos oportunidades que sonega à sua população, omitindo a imensa crise econômica e de credibilidade de seu governo. Se vangloriou de uma legislação ambiental que não respeita e sabota e teceu elogios ao agronegócio por alimentar 'mais de 1 bilhão de pessoas no mundo', mas que deixa quase 20 milhões de brasileiros com fome, e esconde a destruição da floresta amazônica e as constantes ameaças às populações indígenas", diz a nota da instituição.

Estadão
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