Vídeos da Jovem Pan sobre Lula e Marcola somavam 1,7 mi de visualizações antes de serem excluídos do YouTube
Esta reportagem foi feita numa colaboração entre Agência Pública, Aos Fatos e Núcleo Jornalismo para a cobertura das eleições de 2022. A republicação só é permitida com a atribuição de crédito para todas as organizações.
Vídeos dos canais Os Pingos Nos Is e Jovem Pan News que repercutem sem contexto um áudio atribuído ao traficante Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, em que ele declara preferência por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiram mais de 1,75 milhão de visualizações no YouTube até serem excluídos na manhã deste domingo (2). A retirada foi ordenada pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, neste sábado (1º).
Antes de serem tirados do ar, os vídeos circularam em 38 grupos de WhatsApp e Telegram monitorados pelo Aos Fatos e figuravam como "não listados" no YouTube — quando o conteúdo não aparece na busca da plataforma, mas fica disponível por meio de links distribuídos. Mais de 100 correntes reproduzidas nos dois aplicativos de mensagens das 19h de sábado até as 12h deste domingo (2) citavam o áudio.
A decisão do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Mores, determinou "a imediata remoção do conteúdo" dos canais da Jovem Pan e também dos sites O Antagonista - primeiro a veicular o conteúdo -, Terra Brasil Notícias, Jornal da Cidade Online, dos perfis do presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos parlamentares Flavio Bolsonaro (PL-RJ), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF), Carla Zambelli (PL-SP) e Paulo Eduardo Martins (PL-PR) nas redes sociais. A determinação alcançou ainda blogueiros e youtubers, como Bárbara Destefani, Gustavo Gayer, Kim Paim e Leandro Ruschel. Foi estipulada multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento e proibição de novas postagens sobre o assunto.
"A divulgação de fato sabidamente inverídico, com grave descontextualização e aparente finalidade de vincular a figura do pré-candidato a organização criminosa, indicando suposto apoio explícito do PCC à sua campanha, parece suficiente a configurar propaganda eleitoral negativa, na linha da jurisprudência desta corte", afirmou o magistrado na decisão.
Até o início da tarde deste domingo, permaneciam no ar live do presidente Jair Bolsonaro em que ele cita áudio desinformativo, com 1,2 milhão de views, e tweets dos deputados federais e candidatos à reeleição Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e de Paulo Eduardo Martins (PL-PR), postulante ao Senado, com cerca de 41 mil interações (curtidas e retweets) somadas. Um post do presidente Bolsonaro com um print da reportagem também não saiu do ar, e já tem 46,7 mil interações e mais de 15 mil compartilhamentos.
Em julho deste ano, Moraes já havia determinado a remoção de publicações que tiravam de contexto a delação premiada de Marcos Valério para fazer falsas associações entre o PCC e o PT.