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Política

Vídeos e fotos dos ataques em Brasília põem em dúvida profissionalismo de PMs e militares

Invasão às sedes dos Poderes expôs falhas dos órgãos de segurança e levantou suspeitas sobre possível atuação ou omissão por simpatia à marcha bolsonarista

15 jan 2023 - 05h10
(atualizado às 07h38)
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Policiais tentam conter grupos de golpistas em Brasília.
Policiais tentam conter grupos de golpistas em Brasília.
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

Uma sequência de vídeos e fotos dos ataques às sedes dos poderes em Brasília pôs em dúvida o profissionalismo dos policiais mais bem pagos do País e dos militares das Forças Armadas. A invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, no domingo passado, expôs falhas em órgãos como a Polícia Militar, as polícias legislativas da Câmara e do Senado, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência e o Batalhão da Guarda Presidencial, unidade do Exército.

Entre as suspeitas levantadas está a possível atuação ou omissão por conveniência ideológica e simpatia à intenção intervencionista da marcha bolsonarista, que irrompeu com facilidade a barreira, feita de material plástico, montada pela PM no acesso ao Congresso. Os policiais não portavam equipamentos para reagir a distúrbios. Não havia efetivo do Choque e da Cavalaria na retaguarda. A horda invadiu os palácios sem resistência.

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Plano Escudo

Para funcionar, o 'Plano Escudo", o esquema de defesa do Planalto, prevê três linhas de defesa: a PM nas ruas do entorno imediato; agentes do GSI, que andam de terno ou uniforme cercando o palácio; e depois os homens de Choque do BGP, como último recurso. A fraqueza da primeira e a ausência das outras duas em quantitativo apropriado são apontadas como erros da operação por especialistas.

No dia a dia, o choque do BGP não fica no palácio. O prédio é guarnecido pelos seguranças do GSI vestidos em trajes civis e sentinelas do BGP, fardados, munidos de espingardas calibre 12. Quando surgem informações de protestos nas cercanias do Planalto, os generais do GSI telefonam ao comandante do batalhão para pedir reforço e depois comunicam ao Comando Militar do Planalto. É uma forma de agilizar a chegada dos militares. Com a tropa no palácio, o secretário de Segurança e Coordenação Presidencial, hoje o general Carlos Feitosa, assume o controle operacional.

Cada uma das companhias do batalhão possui cerca de 200 homens, totalizando 2 mil militares. O pelotão dispensado era uma fração deles, tinha 36 homens, e não conseguiria conter os invasores, na avaliação de militares. O ideal seria cerca de 400 homens, duas companhias.

Um experiente militar, que comandou o BGP, observa que nunca havia ocorrido em Brasília de a PM ter que entrar para defender o palácio e efetuar prisões lá dentro. Os soldados do BGP, diz ele, estavam "debilitados" e parecia "emboscada". "Foi um caos, praça dando ordem em oficial, voz de prisão, descontrole, violação de hierarquia, perda de comando", afirma o coronel, sobre as cenas gravadas. "Precisa ser esclarecido se foi intencional, se o dado da ameaça não chegou."

Entre os atos sob investigação, estão:

1. A escolta da marcha intervencionista, pela PM, até o local dos crimes, no momento em que a cúpula da secretaria de segurança local dizia as intenções eram pacíficas

2. A falta de resistência das polícias militar e legislativa, que recuaram em investidas dos extremistas e abriram passagem no gramado e na chapelaria do Congresso

3. O abandono de posto em barreira por parte de alguns policiais para comprar água de coco

4. Os flagrantes de confraternização entre extremistas e policiais militares e legislativos — alguns posaram para fotos e outros filmaram os atos, sem agir para impedir crimes

5. A decisão de abrir a Esplanada dos Ministérios e permitir o trânsito da marcha

6. O subdimensionamento da tropa na linha inicial postada em frente ao Congresso, sem equipamentos de contenção de distúrbios

7. No Senado, policiais demoraram horas para retirar invasores do plenário — os agentes foram gravados dizendo que quem saísse de forma voluntária não seria detido

8. A desorientação de soldados desalinhados na defesa do BPG na entrada do Planalto

9. Troca de acusações e bate-boca entre PMs da Patamo (Patrulhamento Tático Móvel) e o comandante do Batalhão de Guarda Presidencial

10. Reforço do Choque do BGP dispensado 20 horas antes

11. A fuga não explicada da extremista Ana Priscila Azevedo, detida entre militares do BGP no Planalto, ela sairia do palácio e seria presa por ordem do Supremo dois dias depois

Segurança

2 mil é o efetivo do Batalhão da Guarda Presidencial

271 agentes formam a Polícia Legislativa da Câmara

169 agentes formam a Polícia Legislativa do Senado

400 homens integram a Força Nacional de Segurança Pública

10,2 mil é o número de agentes da PM-DF

Estadão
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