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Política

"Vou botar um petista na Procuradoria?", diz Flávio Bolsonaro

Senador nega apoio a subprocurador-geral Antônio Carlos Martins, mas reafirma avaliação de que escolhido deve pensar como o presidente

21 ago 2019 - 23h23
(atualizado às 23h34)
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O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou nesta quarta-feira, 21, que não está apoiando nenhum candidato específico ao posto de procurador-geral da República, mas reiterou o "entendimento" de que a chefia do Ministério Público Federal deve ser ocupada por alguém que pense igual ao presidente Jair Bolsonaro. O órgão é independente, mas a Constituição Federal prevê que seu chefe é indicado pelo presidente da República.

"Vou botar um petista na PGR? Vou botar alguém do PSOL? Vou botar um cara que vai trabalhar contra pautas de meio ambiente, segurança pública e costumes? Não tem sentido. O meu entendimento é esse. Tem que ver o do presidente", disse o filho mais velho de Bolsonaro.

Flávio Bolsonaro.
Flávio Bolsonaro.
Foto: Gabriela Biló / Estadão

A escolha do presidente terá de passar pelo crivo do Senado, em uma sabatina. Bolsonaro tem adiado a decisão. Flávio classificou como "fake news" notícias de que havia indicado o subprocurador-geral da República Antônio Carlos Martins Soares para o cargo. "Não sei de onde tiram essas coisas. Conheci ele há pouquíssimas semanas. Já recebi vários candidatos. Eu ouço todo mundo que procura. Agora tentam desqualificar o cara porque eu recebi ele", disse, sobre Soares.

O senador disse também ter se reunido com Mário Bonsaglia, primeiro nome da lista tríplice definida em votação da principal associação de procuradores da República, mas que isso não significa apoio à lista nem que o presidente terá de segui-la.

Coaf. Sobre a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Banco Central, Flávio alegou que se trata de "blindagem política". A Unidade de Inteligência Financeira (UIF), como passa a ser chamado o Coaf, terá maior flexibilidade na composição do seu conselho, o que gerou críticas de entidades de combate à corrupção de possível interferência política.

A mudança foi determinada em medida provisória assinada nesta terça por Bolsonaro. Flávio é alvo de investigação do Ministério Público do Rio depois que movimentações atípicas na conta do seu então auxiliar, Fabrício Queiroz, foram descobertas e comunicadas pelo Coaf. Em seguida, o órgão preparou também um relatório de inteligência financeira sobre o senador.

A defesa de Flávio recorreu ao Supremo Tribunal Federal, alegando ilegalidade no compartilhamento de dados com o Ministério Público sem autorização judicial. O presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, mandou suspender essa e todas as investigações em que dados fiscais e bancários circularam entre órgãos de investigação sem o controle prévio da Justiça.

A medida provisória que redireciona o Coaf ao Banco Central permite que o plenário do conselho, antes formado apenas de integrantes do Executivo, possa ser composto por nomes de fora da administração pública federal, o que abriria uma brecha para interesses externos, segundo entidades como a Transparência Internacional Brasil.

Reservadamente, integrantes do Ministério Público Federal consideram essa previsão preocupante. O MPF avalia divulgar um posicionamento sobre a medida provisória.

Flávio defendeu as mudanças que o pai tem determinado tanto na estrutura de órgãos, como no quadro de servidores da Polícia Federal e da Receita Federal. "Se um presidente teve 57 milhões de votos e não pode escolher pessoas para trabalhar no governo dele, desculpa... Quem teve 57 milhões de votos foi ele, ele é quem manda", afirmou o senador. Para ele, isso não interfere na autonomia dos órgãos.

"Se ele quiser trocar um sargento da quinta bateria do Planalto não pode? O eleito foi ele. Ele que tem de escolher quem está no time dele", declarou Flávio.

'Banana'. Bolsonaro afirmou nesta quarta, ao deixar o Palácio da Alvorada, que pode "interferir mesmo' em órgãos federais se for preciso. Em uma fala contraditória, disse primeiro não ter interferido em órgãos como PF e Receita, mas em seguida disse que é presidente "para interferir mesmo, se é isso que vocês querem". "Se for para ser um banana, um poste, estou fora."

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Estadão
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