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Política

Zambelli não responde perguntas na PF e alega perseguição

A deputada federal Carla Zambelli compareceu a sede da PF na tarde desta quinta-feira mas permaneceu em silêncio durante depoimento

4 jun 2020 - 16h44
(atualizado às 17h13)
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Carla Zambelli se recusa a responder perguntas na PF e diz que está sendo perseguida
Carla Zambelli se recusa a responder perguntas na PF e diz que está sendo perseguida
Foto: IstoÉ

Ao deixar a sede da Polícia Federal, em Brasília, na tarde desta quinta-feira (4), a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) disse que não respondeu às perguntas dos investigadores e que está sendo a deputada 'mais perseguida'. A parlamentar afirmou que preferiu ficar em silêncio, porque sua defesa não teve acesso aos autos da investigação. "Até o momento, eu não tenho nem a informação se estou aqui na condição de testemunha, na condição de investigada, em que condição eu estou", disse.

Zambelli foi chamada a prestar esclarecimentos no âmbito do inquérito das fake news, aberto em março do ano passado para apurar notícias falsas, ameaças e ofensas dirigidas a autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e seus familiares. A deputada classificou o inquérito como inconstitucional e defendeu ele seja suspenso. Ela disse ainda que as perguntas dos investigadores 'foram feitas sem contextualização de data'.

Ao contrário de outros suspeitos intimados pela Justiça, como o blogueiro Allan dos Santos e a ativista de extrema-direita Sara Winter, que não compareceram aos depoimentos, a deputada se apresentou aos policiais. "Estou fazendo questão de vir aqui hoje para mostrar que eu não tenho nada a esconder", declarou.

A Polícia Federal montou um esquema para ouvir os 29 alvos da investigação durante esta semana, mas não teve sucesso. A maioria deles se recusou a falar alegando que seus advogados não tiveram acesso ao teor completo das acusações. Em despachos proferidos na sexta, 29, e na segunda, 1º, o ministro Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito, determinou que as defesas dos investigados agenciassem horários junto a seu gabinete para retirar cópias do processo, que não foi disponibilizado on-line em razão do sigilo da investigação.

Na semana passada, o inquérito fechou o cerco contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Deputados, blogueiros, ativistas e outros bolsonaristas tiveram documentos, celulares e computadores apreendidos pela PF. O Planalto, através do Ministro da Justiça, André Mendonça, enviou ao STF habeas corpus em favor dos aliados. O pedido deve ser analisado pelo Plenário da Corte na próxima sexta-feira, 12.

Antes disso, na quarta (10), o Supremo deve analisar outra manifestação, esta do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, pela suspensão temporária das investigações. Desde o início, o inquérito sofreu forte oposição do Ministério Público Federal (MPF), então chefiado por Raquel Dodge, por ter ter sido iniciado de ofício (sem provocação de outro órgão) pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli. O caso é atípico, porque a Justiça brasileira preserva o princípio acusatório, ou seja, um órgão apresenta a denúncia e outro julga. No inquérito das fake news, contudo, o próprio Supremo, que foi alvo dos ataques e notícias falsas, determinou a abertura das investigações e vai julgar os crimes.

Os questionamentos do MPF ao Supremo cessaram após a posse de Augusto Aras. Quando assumiu a chefia do órgão, em setembro, o PGR disse que Toffoli, ao determinar a abertura da apuração, 'exerceu regularmente as atribuições que lhe foram concedidas' pelo Regimento Interno do STF. Agora, Aras mudou de ideia e se manifestou pela suspensão das investigações em uma ação apresentada pela Rede Sustentabilidade que, em outubro, ele próprio já havia desprezado.

Dobradinha

Este é o segundo depoimento de Carla Zambelli à Polícia Federal em menos de um mês. No dia 13 de maio, a deputada se apresentou para prestar esclarecimentos sobre uma troca de mensagens com o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. A conversa foi apresentada por ele como prova nas investigações que também correm no STF para apurar se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente da PF para blindar aliados de investigações.

Ao tomar conhecimento do pedido de demissão iminente de Sérgio Moro que, diante da sinalização de troca do comando da Polícia Federal pelo presidente, decidiu deixar o governo, a deputada tenta convencê-lo a ficar no cargo e se prontifica a falar com o presidente sobre indicá-lo a uma vaga no STF. Ao que o ex-ministro responde 'não estar à venda'. Para Moro, a proposta deixou clara a tentativa de silenciá-lo diante dos desvios de Bolsonaro. A deputada, por sua vez, alega que queria apenas que o ex-juiz federal continuasse fazendo um bom trabalho no governo.

Estadão
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