Zambelli tenta se aliar a Boulos para combater bloqueio de contas de parlamentares
Deputada interpelou parlamentar do PSOL em evento, mas ele não sinalizou apoio; Glauber Braga, alvo dos bloqueios, repudiou a tentativa de aliança
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pediu o apoio de Guilherme Boulos (PSOL-SP) nesta quinta-feira, 31, em prol de uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para discutir o bloqueio de contas de ressarcimento de parlamentares por ordem judicial.
A motivação dela foi o caso do também deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que foi alvo de uma decisão judicial de Nova Friburgo, interior do Rio de Janeiro, que determinou o bloqueio de R$ 1 milhão na sua conta de ressarcimento de despesas parlamentares. Ele divulgou o caso nas redes sociais na última terça, 29.
Ela também comparou o caso do parlamentar do PSOL com os seus próprios processos judiciais. "Enfrentei bloqueio por multas devido a postagens em minhas redes sobre Lula e ditadores como Ortega e Maduro. O TSE entendeu que tratava-se de fakenews."
Neste ano, a deputada chegou a abrir uma vaquinha virtual para pagar multas e condenações processuais. Como mostrou o Estadão na época, em dez dias, Zambelli arrecadou R$ 168 mil, o que, segundo ela, superava a meta inicial de R$ 100 mil.
A tentativa de aproximação com Boulos foi repudiada por Braga na manhã desta sexta, 1º. Ele acusou Zambelli de usar o caso dele "como artilharia para suas questões" e recusou a solidariedade da deputada. "Não serei usado de escada. Falsa simetria comigo não rola. Não tentei dar golpe de Estado de orientação fascista e nem sustentei projeto de morte."
Tem parlamentar de extrema-direita querendo usar o caso de abuso de autoridade que estou sofrendo como artilharia para suas questões. Não serei usado de escada. Falsa simetria comigo não rola. Não tentei dar golpe de estado de orientação fascista e nem sustentei projeto de morte.
— Glauber Braga (@Glauber_Braga) September 1, 2023
Abandonada pelo núcleo bolsonarista
Desde o segundo turno das eleições de 2022, Zambelli vem sendo repelida pelo núcleo bolsonarista. Na véspera do pleito, ela perseguiu o jornalista Luan Araújo pelas ruas do bairro Jardins, na Zona Sul de São Paulo, empunhando uma arma de fogo.
Jair Bolsonaro (PL) atribui a esse episódio a culpa pela sua derrota nas urnas. No último dia 18, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para colocá-la no banco dos réus por causa desse episódio.
Zambelli também responde a duas ações de investigação judicial eleitoral - mesmo tipo de processo que deixou Bolsonaro inelegível - que desceram do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a Justiça Eleitoral de São Paulo. A defesa da deputada tentou juntar os casos dela aos do ex-presidente, mas o ministro-corregedor da Corte, Benedito Gonçalves, não acolheu o pedido.
Outro episódio envolvendo Zambelli é o caso do hacker Walter Delgatti Neto. Ele diz que a deputada financiou e é a mandante de um ataque que ele fez ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele foi preso no mesmo dia em que a Polícia Federal fez operações de busca em endereços da parlamentar.