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Por que Pando, um dos maiores organismos vivos do mundo, está morrendo

Em uma área de 43 hectares no Estado americano de Utah, o 'bosque de uma única árvore' corre risco de desaparecer.

24 out 2018 - 06h33
(atualizado às 08h03)
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Nem elefante, nem baleia - o maior organismo vivo do mundo, na visão de alguns cientistas, é o bosque Pando
Nem elefante, nem baleia - o maior organismo vivo do mundo, na visão de alguns cientistas, é o bosque Pando
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Para o visitante desprevenido, Pando não passa de um bonito bosque composto por árvores de álamo. Ele é, porém, mais que isso: alguns cientistas consideram-no o maior e mais pesado organismo vivo do mundo.

Ele fica perto do lago Fish, em Utah, nos Estados Unidos. Estima-se que tenha 14 mil anos, e sua área chega a 43 hectares (algo como 43 campos de futebol).

Mas o que explica esse rótulo de maior "organismo vivo"?

"Na realidade, todas as árvores são apenas uma", explica Paulo Rogers, geólogo e professor do Departamento de Ecologia da Universidade Estadual de Utah.

Pando, que significa "eu me espalhei" em latim, também é conhecido como "o bosque de uma única árvore".

Uma árvore clonada

Os álamos podem viver entre 100 e 130 anos
Os álamos podem viver entre 100 e 130 anos
Foto: Lance Oditt / BBC News Brasil

Os bosques de álamo se reproduzem de duas maneiras. Uma delas ocorre quando uma árvore madura deixa cair suas sementes, que acabam por germinar.

A outra, mais comum, acontece quando elas liberam os brotos de suas raízes, dos quais nascem novas árvores - essas são chamadas de clones.

Pando não é o único bosque "clone", mas é o mais extenso. Estima-se que o organismo pese cerca de 13 milhões de toneladas.

Por que ele está morrendo?

O geólogo Paul Rogers publicou um estudo que aponta que, nos últimos 40 anos, Pando parou de crescer e teve seu tamanho reduzido. Algumas imagens aéreas do local mostram zonas em que não há mais árvores.

Paul Rogers se dedica a monitorar a vida do Pando
Paul Rogers se dedica a monitorar a vida do Pando
Foto: Lance Oditt / BBC News Brasil

Rogers não tem uma estimativa sobre a velocidade da redução de Pando, mas, segundo ele, nos próximos 10 anos o tamanho do bosque terá diminuído "significativamente".

Normalmente, os álamos vivem entre 100 e 130 anos. O problema é que eles estão morrendo sem que uma nova geração de árvores surja.

"É como se fosse uma cidade de 47 mil habitantes e todos tivessem 85 anos", diz Rogers.

Segundo sua pesquisa, a principal causa de Pando não conseguir se expandir é que a área concentrou um grande número de cervos e vacas que comem os brotos antes que eles consigam crescer.

"Devemos começar a reduzir o número de animais que comem as árvores", diz o pesquisador. "Se o bosque morrer, todas as espécies que dependem dele vão desaparecer também."

Ele pode sobreviver?

A presença de veados, cervos e vacas tem ajudado a diminuir o bosque Pando
A presença de veados, cervos e vacas tem ajudado a diminuir o bosque Pando
Foto: Lance Oditt / BBC News Brasil

Para Rogers, a solução para Pando seria aumentar as cercas que protegem algumas áreas do bosque, bem como trabalhar com os agricultores para ajudar a remover as vacas da área florestal e até mesmo sacrificar alguns dos cervos.

A ideia, segundo o geólogo, seria dar um "descanso" para Pando se recuperar.

"À primeira vista, é um simples bosque, mas, quando você descobre que é apenas um organismo, você se sente incrível por estar aqui", diz. "Aprender sobre Pando nos ajuda a aprender a viver em nossa Terra."

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